quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pra relaxar: com Leila Pinheiro e Walter Franco.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012



Vladimir Maiakovski




A FLAUTA VÉRTEBRA



A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.




(tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)





FRAGMENTOS



1.
Me quer ? Não me quer ? As mãos torcidas
os dedos
despedaçados um a um extraio
assim tira a sorte enquanto
no ar de maio
caem as pétalas das margaridas
Que a tesoura e a navalha revelem as cãs e
que a prata dos anos tinja seu perdão
penso
e espero que eu jamais alcance
a impudente idade do bom senso



(tradução: Augusto de Campos)





domingo, 26 de fevereiro de 2012





Femme - Camille Claudel (1864 - 1943)





sábado, 25 de fevereiro de 2012

Depois que um corpo comporta outro corpo, nenhum coração suporta o pouco.




Alice Ruiz





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

(meu olho)



Lawrence Ferlinghetti



O OLHO DO POETA OBSCENO VENDO...


O olho do poeta obsceno vendo
vê a superfície do mundo redondo
com seus telhados bêbados
e pássaros de pau nos varais
e suas fêmeas e machos feitos de barro
com pernas em fogo e peitos em botão
em camas rolantes
e suas árvores de mistérios
e seus parques de domingos no parque e
estátuas sem fala
e seus Estados Unidos
com suas cidades fantasmas e Ilhas Ellis vazias
e sua paisagem surrealista de
pradarias estúpidas
supermercados subúrbios
cemitérios com calefação
e catedrais que protestam
um mundo à prova de beijo um mundo de
tampas de privada e táxis
caubóis de butique e virgens de Las Vegas
índios sem terra e madames loucas por cinema
senadores anti-romanos e conformistas
[ conformados
e todos os outros fragmentos desbotados
do sonho imigrante real demais
e disperso
entre esse pessoal que toma banho de sol



Trad. Paulo Leminski



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012




O carnaval que não acaba e Teatro Ouro Verde





carnaval aqui no Rio ainda está acontecendo. Começou antes mesmo do carnaval em sí e ainda perdura. Foram mais de 400 blocos de rua. Coisa de louco! Gente fantasiada por toda parte. No mínimo uma flor na cabeça. E eu também, lógico.
Não sou muito chegada em "pular carnaval" - apesar de dos 03 aos 17 anos não ter saído dos salões. Também era bem diferente. Mas gosto de observar as pessoas e suas fantasias (literalmente). Ouvi de um senhor há uns 3 dias: " Nancy, esse mundo não me pertence mais. Um bando de homem vestido de mulher. E são homens mesmo!" Dei risada.
Carnaval pra mim é muito teatral. E há historiadores, pesquisadores, que consideram as manisfestações "festas populares" ("o carnaval que existe há mais de 4.000 anos a.c.") como as primeiras manifestações do teatro.
Há também indícios que o Carnaval tenha se originado em rituais de orgia e festas pagãs. Em Roma, as raízes deste acontecimento estão ligadas a danças em homenagem ao Deus Pã e Baco, eram as chamadas Lupercais e Bacanais ou Dionísicas.
Já na Idade Média, existiam nos festejos de Carnaval os jogos e disfarces. Em Roma, desfiles de carros alegóricos e coisas como a briga de confetes pelas ruas. O baile de máscaras foi introduzido pelo papa Paulo II, no século XV, mas ganhou força e tradição no século seguinte, por causa do sucesso da Commedia dell'Arte. Existem as famosas máscaras de Veneza e Florença.

E falando de teatro, Londrina, Paraná (onde morei por 3 anos) perdeu o Teatro Ouro Verde. Antigo, inaugurado em 1952 como cinema e considerado um dos mais luxuosos do país na época (atualmente o teatro era patrimônio da Universidade de Londrina), foi destruído pelo fogo.
Não se sabe ainda direito o que aconteceu. Lamentável demais. Muitas saudades vão ficar. Saudades mesmo!






Quando ainda cinema



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

(Mais um pouquinho Whitney)...




Não era muito fã de Whitney quando muito romântica. Mas, pra mim, a dona da voz mais bela e perfeita do mundo, do planeta. Dona de muitas técnicas e a melhor de todas: a alma ao cantar. Ultimamente, infelizmente, já não conseguia mostrar pra que veio de fato, apesar dos 400 e tantos prêmios. E agora se foi. A bela voz foi transitar por aí.





quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Praia do Leme (foto internet)


Gente, aqui tá um calor (pra mim) quase insuportável (rsrsr). Na sombra está dando 40 graus! Engraçado, ontem fui até à praia do Leme e a água estava gelada, gelada. Quase ninguém (inclusive eu) se atrevia a entrar no mar. Depois foi aquecendo mais. O jeito foi não sair do chuveiro de praia.




Um poema do Leminsk





o novo
não me choca mais
nada de novo
sob o sol

apenas o mesmo
ovo de sempre
choca o mesmo novo





sábado, 4 de fevereiro de 2012

Allen Ginsberg e Frank O'hara



FRANK O'HARA (1926-1966)




O DIA EM QUE MORREU LADY DAY

(The Day Lady Died (1)




Meio-dia e 20 em Nova Iorque sexta-feira
três dias depois do dia da Bastilha, é,
estamos em 1959 e vou engraxar os sapatos
pois às 4 e 19 salto do trem em Easthampton
às 7 e 15 e então direto pro jantar
e nem sei quem são os que vão me alimentar
Subo a rua abafada onde começa a bater sol
como um hamburger peço um maltado e compro
um exemplar horrível da ESCRITA DO NOVO MUNDO pra ver
o que os poetas em Gana andam aprontando
Vou pro banco
e dona Stillwagon (seu nome é Linda ouvi dizer)
nem checa meu saldo pela primeira vez na vida
e na GOLDEN GRIFFIN descolo um livrinho do Verlaine
pra Patsy com desenhos de Bonnard embora pense
é no Hesíodo, trad. por Richmond Lattimore ou
na nova peça de Brendan Behan ou no Lês Nègres
do Genet, mas não, fico mesmo com o Verlaine
depois de praticamente cochilar de tanta indecisão
e pro Mike é só passar no PARK LANE
e pedir uma garrafa de Strega e daí
volto por onde vim até a Sexta Avenida
e a tabacaria no teatro Ziegfeld e ao acaso
peço um maço de Gauloises e um de
Picayunes, e o NEW YORK POST estampa a face dela
e estou suando um monte agora e lembrando
de mim no FIVE SPOT encostado na porta do banheiro
ela sussurrando uma canção junto ao teclado
pro Mal Waldron e eu e todo mundo ficou sem ar




1. O título faz um trocadilho com “died” (morreu) e Lady Day, apelido da cantora Billie Holiday, homenageada nesta elegia. A menção a Behan, que morreu, jovem, de tanto beber, anuncia a morte de Billie por overdose, encontrada num cais em NY. John: americanismo para banheiro, lavatório. Mal Waldron (1926-2002), pianista de jazz e compositor que acompanhou Billie de 57 até 59.





TRADUÇÃO: Rodrigo Garcia Lopes