terça-feira, 30 de agosto de 2011






Na semana passada fui ver a Mostra sobre MILES DAVIS.


É... é.... (rsrsr)... bom demaissss!




Queremos Miles


2 Ago a 28 Set
Local: Térreo e 1º andar CCBB RJ
Horário: Terça a domingo, das 9h às 21h

Mostra internacional multimeios de um dos mais influentes músicos do século 20, Miles Davis, concebida pela Cité de La Musique (Paris), que consiste na exposição de cerca de 300 itens, dentre gravações, obras de arte (como pinturas de Jean Michel Basquiat e Mati Klarwein, fotografias de Annie Leibovitz e Irving Penn), vídeos, documentários, roupas, instrumentos musicais e partituras cedidas pela família de Miles, colecionadores particulares e parceiros.

O roteiro reconstitui a trajetória do artista em música e imagens. A cenografia é especialmente elaborada com tecnologia acústica, para permitir a fruição das gravações de referência do artista, com alto padrão de áudio.

Curadoria: Vincent Bessières.

A programação inclui, ainda, palestras e festival de jazz.



Consulte as seções Ideias e Música.

http://www.bb.com.br/





sábado, 27 de agosto de 2011


Lamentável o acidente hoje com o Bonde de Santa Teresa.

De onde moro vejo a garagem dos Bondinhos, e os que lá estão encostados. Adoro esses Bondes. Além de servirem para passeio dos turistas (um dos cartões postais do Rio- né!!!), são os moradores os principais usuários.

Outra opção de transporte, já que o custo é menos que a metade do ônibus ou van, que também sobem Santa Teresa. Aí como entender que não fazem o mínimo de manutenção? Não só para os bondes mas para todo o sistema que envolve essa relíquia. Abaixo vou colocar uma crônica de Machado de Assis escrito em 15 de março de1877, sobre a inauguração dos Bondes de Santa Teresa.












Inauguraram-se os bonds [bondes, palavra originária do inglês bond] de Santa Teresa, — um sistema de alcatruzes ou de escada de Jacó [escada bíblica que levava ao céu], — uma imagem das coisas deste mundo. Quando um bond sobe, outro desce, não há tempo em caminho para uma pitada de rapé, quando muito, podem dois sujeitos fazer uma barretada [saudação que consiste em tirar da cabeça o barrete].


O pior é se um dia, naquele subir e descer, descer e subir, subirem uns para o céu e outros descerem ao purgatório, ou quando menos ao necrotério.
Escusado é dizer que as diligências viram esta inauguração com um olhar extremamente melancólico.


Alguns burros, afeitos à subida e descida do outeiro, estavam ontem lastimando este novo passo do progresso. Um deles, filósofo, humanitário e ambicioso, murmurava:

— Dizem: les dieux s'en vont [os deuses vão-se embora]. Que ironia! Não; não são os deuses somos nós. Les ânes s'en vont [os asnos vão-se embora], meus colegas, les ânes s'en vont.

E esse interessante quadrúpede olhava para o bond com um olhar cheio de saudade e humilhação. Talvez rememorava a queda lenta do burro, expelido de toda a parte pelo vapor, como o vapor o há de ser pelo balão, e o balão pela eletricidade, a eletricidade por uma força nova, que levará de vez este grande trem do mundo ate à estação terminal.
O que assim não seja... por ora.



Mas inauguraram-se os bonds. Agora é que Santa Teresa vai ficar à moda. O que havia pior, enfadonho a mais não ser, eram as viagens de diligência, nome irônico de todos os veículos desse gênero. A diligência é um meio-termo entre a tartaruga e o boi.


Uma das vantagens dos bonds de Santa Teresa sobre os seus congêneresda cidade, é a impossibilidade da pescaria. A pescaria é a chaga dos outros bonds. Assim, entre o Largo do Machado e a Glória a pescaria é uma verdadeira amolação, cada bond desce a passo lento, a olhar para um e outro lado, a catar um passageiro ao longe. As vezes o passageiro aponta na Praia do Flamengo, o bond, polido e generoso, suspende passo, cochila, toma uma pitada, dá dois dedos de conversa, apanha o passageiro, e segue o fadário até a seguinte esquina onde repete a mesma lengalenga.


Nada disso em Santa Teresa: ali o bond é um verdadeiro leva-e-traz, não se detém a brincar no caminho, como um estudante vadio.


E se depois do que fica dito, não houver uma alma caridosa que diga que eu tenho em Santa Teresa uma casa para alugar-palavra de honra! o mundo está virado.







quinta-feira, 25 de agosto de 2011



AMOR


Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.




Paulo Leminski





domingo, 21 de agosto de 2011



(Capa do Livro: Caixinha de Música, de Roseana Murray)



Tenho estado sumida daqui por falta total de tempo, pois finalmente estou prestes a concluir (o que na verdade é só o começo) um projeto que há tempos venho trazendo comigo: "Caixinha de Música".


Vinha musicando o livro de Roseana Murray (essa maravilhosa e premiadíssima escritora de literatura infantojuvenil) sozinha, até que depois de muitos desencontros, encontrei um parceiro que se encaixou perfeitamente no projeto: Juliano Dela Guerra (além de músico é arranjador e produtor musical).


Então, estamos enfim terminando o trabalho. Estou feliz demais, principalmente porque está ficando muito bom. Creio que nosso público irá gostar (infantojuvenil e porque não os grandinhos - já que em outras experiências eles curtiram muito).


E esse resultado poderá ser apreciado daqui exatamente um mês quando estaremos em Rio das Ostras (belíssima cidade da região dos lagos do Rio de Janeiro - fica perto de Cabo frio, Búzios). Onde faremos uma pequena temporada no Teatro Municipal da Fundação das Artes.



E desde já meus totais agradecimetos a Fundação e ao Marcus Lofrano.


Eu, além de cuidar das composições, juntamente com o Juliano, estou fazendo toda a produção (artística e executiva (no sentido da execução, realização....). E o show ficará por conta de minha voz, com o Juliano na guitarra, violão, baixo e backing vocal.


Abaixo algumas coisas que já foram ditas sobre o livro Caixinha de Música. Ah!, e em outubro estaremos na bela, linda, linda de doer (rsrsrsr) cidade de Saquarema - também região dos lagos. Com certeza vou dando o serviço por aqui.


E continua a Vendedora de Cigarros.... e com surpresa: figurino melhorado... tules novos... mais tules.....

Deixa eu correr... domingão chuvoso aqui no Rio. E tem Flamengo hoje! E tem meu Palmeiras (x São Paulo) ai aia ai (rsrsr).


Um beijo afetuoso para o grande Sócrates e para o deus grego Gianecchini (rsrsr - sorry, mas ué... a gente também tem o direito de apreciar né.... e ele é ator... e o que mais gosto nele, é sua busca de crescimento artístico e pessoal. É isto .... beijocas afetuosas e muita, muita saúde para vocês!).


Agora (enfim) algumas coisas ditas sobre “Caixinha de Música”


“... Se insere perfeitamente na melhor genealogia da poesia para crianças no Brasil, na linha de obras-primas como Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, ou dos Poemas infantis, de Vinicius de Moraes. A sutilidade incorpórea das metáforas, a beleza cromática das imagens, o discreto humor e a musicalidade, sempre presente e nunca ostensiva, dão ao livro um poder encantatório que só poderá fazer a delícia dos seus pequenos leitores, e não somente deles, pois não haverá leitor sensível de poesia que não se aventure, nem que seja como por um saudoso mundo perdido, nas delicadas melodias dessa Caixinha de música, tecidas pela sensibilidade auroral de Roseana Murray ”

Alexei Bueno

(escritor, tradutor e roteirista. Como editor organizou para UNESCO, Academia Brasileira de Letras, ed. Nova Aguilar e ed. Lacerda obras clássicas literárias).


“Amém privilegiados e abençoados todos aqueles que podemos atravessar desertos e percorrer bosques com um alforje de sonhos poéticos, incrustados na rosácea de Roseana Murray”

Manoel de Barros


“A poesia de Roseana Murray é feita de transparências e delicadezas, como ela falasse para mostrar o silêncio. E assim a linguagem alcança a condição de pluma ou porcelana”

Ferreira Gullar


“Tinha plena razão Clarice Lispector e Walmir Ayala, quando disseram, do fundo de sua sabedoria poética, ser Roseana Murray uma imensa Poetisa...

Por onde começar a traçar uma resenha sobre a poesia dessa escritora, premiada, inclusive, pela Academia Brasileira de Letras, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e pela Associação Paulista dos Críticos de Arte...”


Prof. Dr. Latuf Isaias Mucci - Publicado na Revista Poiesis em 2007


“Penso que, uma das razões do grande sucesso de Roseana Murray, decorre do fato, da poeta, como poucos entre nós, ter encontrado um registro de linguagem que contempla o adulto e a criança. Aliás, seus poemas não são para crianças, nem para adulto, são só para gente. E belíssimos! Parabéns...


José Salgado Santos (Compositor-letrista, tem músicas gravadas por vários artistas como, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Zizi Possi, Amelinha, Elba Ramalho, Rosa Maria, Vital Farias. Em 1999, recebeu o Prêmio Jabuti. Tem vários livros editados.







segunda-feira, 15 de agosto de 2011

foto de Sebastião Salgado



"Escuta, não dou lições nem esmolas, quando eu me dou, é por inteiro...






Walt Whitman





domingo, 14 de agosto de 2011


OBSERVAÇÃO



O ATOR




Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o bastante para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave no qual ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu em sua vida.

Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade, e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que, por desencanto ou medo, se sujeita, e por aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos nos quais não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e os autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.

O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas, o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.

Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter – não é o dinheiro, não são os aplausos - é a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica. (1986)




Plínio Marcos






terça-feira, 9 de agosto de 2011



CAIXINHA DE MÚSICA



Sete notas são tão pouco,
mas são mais que o infinito,
que todas as galáxias juntas,
com seus anjos e cometas.

Sete notas musicais
são mais que todas os mares
com seus cristais e sereias.

Sete notas são mais
que todos os grãos de areia,
e fazem estradas e caminhos,
e nos levam pelos ares, pelo chão,
até o moinho do tempo.




Do livro infantil Caixinha de Música de Roseana Murray - 2004


editora Manati



segunda-feira, 8 de agosto de 2011



O nevoeiro que encobriu o Rio prejudicou aeroportos, circulação de barcas e mudou a paisagem da cidade (Genílson Araújo/Agência O Globo)


Assim amanheceu o Rio hoje. Levei um susto quando lá pelas sete da matina fui até o quintal (a pessoa acorda cedo, quando não vai dormir já cedo): estava mesmo no Rio? Bonito né.




sábado, 6 de agosto de 2011



Bola de futebol é um utensílio semivivo,

de reações próprias como bicho,

e que, como bicho,

é mister (mais que bicho, como mulher)

usar com malícia e atenção

dando aos pés astúcias de mãos.





João Cabral de Mello Neto




quinta-feira, 4 de agosto de 2011



Gatos...
sempre mantém
aquela postura de pluma
e lá se vão
uma a uma
pé ante pé
pétala
sobre pétala
como se pedra
fosse espuma.



Neuzza Pinheiro





segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Ofélia por John Everett Millais.




Para uma moça bondosa



A moça bondosa ofereceu seu sorriso e seu colo.
A moça bondosa cedeu seus seios fartos.
A moça bondosa não pediu nada em troca.
A moça bondosa hoje apareceu morta.





Esse poema toda vez que aparece, digo, que é tido (o cigarrinho) e lido por alguém, quando estou trabalhando com A Vendedora de Cigarros, causa diversas e longas discussões.

Já pediram pra eu mudar o final do poema, por exemplo. Nem sempre digo que é meu a partir disto.

Outro dia uma moça após ler o poema manifestou em voz alta o quanto tinha gostado, adorado, e passou para que um amigo lesse. O amigo leu e retrucou "como ela poderia ter gostado daquilo?" "Era horrível aquela situação".

Fiquei curiosa em saber qual era o poema, e como se eu já não soubesse, pois acontece sempre, era "Para uma moça bondosa". Então desta vez decidi me apresentar como a autora.

O cara continuava em total indignação: Como morta? Como poderia? Eu perguntava por quê? Ele respondia: Não poderia porque é cruel. Eu dizia: Mas não é uma pessoa, ela não existe, se trata de um poema. Ele: Não, ela existe.

Bom... não vou narrar tudo porque aquilo foi longe. Mas me parece algo do tipo arquetípico: o da mãe por exemplo. Da coisa que é bom, boa, não poder perecer. Algo bom não tem que morrer. Ou se morre não pode ser de qualquer jeito.

Sei lá. Outro dia outro cara se manifestou com a voz meio irritada: Bem feito era boa demais, acabou morta. (rsrsrs) Outra visão....

Eu fico na minha. Apenas escutando e gostando muito que isto aconteça. Na verdade ela está bem viva! a poesia, claro.