sexta-feira, 31 de julho de 2009



Mais um girassol (risos). SHOW do IRA e tem a participação do LÔ BORGES.

Um girassol mais pesado. Irado.




quarta-feira, 29 de julho de 2009

Perdemos não um ator (somente), mas sim um artista (tem bastante diferença).

Um homem das artes; literatura, cultura e educação (um dos fundadores da TV Cultura). Enfim... o grande, grande, Sérgio Viotti.

Deixo aqui registrado meu respeito, admiração, agradecimento, e sobretudo, desde já, muitas saudades.




terça-feira, 28 de julho de 2009

De manhã fui ao supermercado. Já na rua, com minhas sacolas, senti a presença do sol. Imediatamente algo em mim mudou. Fiquei feliz, energizada, sei lá... e aí lembrei-me que estamos há dias sem um solzinho: chuva, chuva e chuva.... mas logo o sol se foi.

Lembrei-me de um poema do escritor FRANK O'HARA. Cheguei em casa e o procurei em minhas COYOTE (s) - pra quem não sabe, revista literária, já falei dela aqui.

Esse poema é muito legal. Tô colocando mais abaixo (só agora tive tempo).

Ironicamente o poeta faleceu atropelado por um buggy, tomando sol numa praia (na mesma do poema, praia de Fire Island) Louco isso né!!!

Frank O' hara - Biarritz, Spring 1960 (Photo: John Ashbery)

Alice Neel, "Frank O'Hara," 1960. Oil on canvas, National Portrait Gallery, Smithsonian Institution, Washington D.C., Gift of Hartley S. Neel.


O poema:

RELATO VERDADEIRO DE UMA CONVERSA COM O SOL EM FIRE ISLAND



O Sol me acordou esta manhã em alto
E bom som, "Ei! Há quinze minutos
estou tentando te acordar.
Não seja grosso, você é só o segundo poeta
Que escolhi pra falar tão pessoalmente
então
por que você não é mais atencioso? Se eu pudesse
te queimar pela janela eu te faria levantar.
Não posso ficar na área O dia todo".
"Desculpa, sol, fiquei
acordado até tarde falando com Hal".
Quando acordei o Maiakóvski ele foi
bem mais pontual", disse o Sol com petulância.
"A maioria das pessoas já acordam querendo
ver se vou dar o ar da minha graça".
Tentei me desculpar "Senti sua falta, ontem".
"Ah, está melhorando", o Sol falou. "Achei que você
não viria aqui fora" "Você deve estar pensando porque
cheguei juntinho assim"?
"É", eu disse, já começando a ficar todo quente
pensando se ele não estaria metendo fogo em mim
no fim das contas."Sendo franco, ô cara, queria dizer que
gosto da sua poesia. Vejo um monte de coisas por aí
e você até que não é mal. Pode não ser a coisa
mais importante sobre a terra, mas
você é diferente. Agora, já ouvi as pessoas dizerem
que você é maluco, eles sendo excessivamente
tranqüilos pro meu gosto, e outros poetas loucos
te acham um chato reaça. Eu não.
Continue mandando ver.

Faça como eu e não dê bola. Você vai perceber
que as pessoas sempre reclamam
do clima, sempre está quente ou frio demais,
escuro ou claro demais, dias curtos ou longos demais.
Se você fica sem aparecer um dia
já acham que você é preguiçoso ou já morreu.
Continue nesse pique, eu curto.
E não se preocupe com sua linhagem poética ou natural.
O Sol brilha sobre a selva, tá ligado?, sobre a tundra,
o mar, o gueto. Onde quer que você estivesse
eu já sabia e via você se movendo.
Estava te esperando pra começar a trabalhar.
E agora que você
está tirando os dias pra si, digamos,
mesmo que ninguém te leia a não ser eu,
não precisa ficar deprimido. Nem todo mundo
é capaz de olhar pra cima, nem mesmo pra mim.
Machuca Os olhos deles".
"Ai ai, Sol, estou tão agradecido!"
"Não há de quê e lembre-se que estou de olho. Pra mim é
mais fácil conversar daqui de fora.
Não sou obrigado a deslizar entre os prédios
até seu ouvido.
Sei do seu amor por Manhattan, mas
você devia olhar pra mim mais vezes.
E sempre
abrace as coisas, pessoas a terra céu
estrelas, como eu, livremente e com
um conveniente senso de espaço. Essa é sua
inclinação, conhecida no céu
e que você seguiria até o inferno, se
preciso, o que eu duvido.
Talvez nos falemos
na África, que eu também gosto especialmente.
Agora volte e durma,
Frank, e que eu possa deixar de despedida
um poeminha nessa sua cabeça".
"Sol, não vai não!", eu acordei enfim.
"Não, preciso ir, eles estão me chamando".
"Eles quem?"
O Sol se ergueu e disse "Um

dia desses você vai saber.
Estão te chamando também" . Sombrio, o sol se levantou,
e adormeci.




domingo, 26 de julho de 2009


Domingão...... Andei sumida né, na correria...

Daqui a pouco tem Palmeiras e Corinthians. Sei que tem gente em estado de aflição por aí.

Almocei tanto que tô quase desmaiando. Polenta com molho de carne moída. Tipo comida meio mineira (é, porque eu que fiz - aprendi).

E vou deixar aqui um conto, ou crônica, desse escritor que era (é) de Belo Horizonte, e que adoro, adoro e adoro:


Fernando Sabino




Albertine Disparue



Chamava-se Albertina, mas era a própria Nega Fulô: pretinha, retorcida, encabulada. No primeiro dia me perguntou o que eu queria para o jantar:

– Qualquer coisa – respondi.

Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.

– Você sabe escrever?

– Sei sim senhor – balbuciou ela.

– Veja se tem um lápis aí na gaveta.

– Não tem não senhor.

– Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!

Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.

– O que é lapisai? perguntou Finalmente.

Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.

– Amanhã você começa – conclui. – Hoje não precisa fazer nada.

Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.

– O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar – disse ela, olhando-me interrogativamente.

– Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?

– Era para encher?

– Era.

– Uê...

Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:

– Eu tava dormindo... – e deu uma risadinha.

– Escute uma coisa, preste bem atenção – preveni: – Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.

Ela me olhou espantada:

– O que aconteceu hoje?

Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.

- É você, Albertina?

– É sim senhor...

– Por que você não vai dormir?

– Vou encher a banheira...

– A esta hora?!

– Quantas horas?

– Uma da manhã.

– Só? – espantou-se ela. – Está custando a passar...


* * *

– O senhor quer que eu arrume seu quarto?

– Quero.

– Tá.

Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:

– Posso varrer a sala?

– Pode.

– Tá.

Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:

– Albertina!

Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.

– Não seria melhor você primeiro fazer café?

– Tá.

Depois era o telefone:

– Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.

– Como é o nome?

– Um nome esquisito...

– Quando telefonarem você pede o nome.

– Tá.

– Albertina!

– Senhor?

– Hoje vai haver almoço?

– Se for possível.

– Tá.

Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.

– Se o senhor quiser que eu pare eu paro.

– Faz outra coisa.

– Tá.


Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.

– Que bobagem é essa aí, Albertina?

– Não é nada não senhor – disse ela.

– Tá – disse eu.

E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.

– Atende aí, Albertina.

– É para o senhor.

– Pergunte o nome.

– Ó.

– O quê?

– Disse que chama Ó.

Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.

* * *

Finalmente o dia da bebedeira. me apareceu bêbada feito um gambá; agarrando-me pelo braço:

– Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada...

O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!

Olhei para ela, estupefato. mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.

– Vá para o seu quarto – ordenei, esticando o braço dramaticamente. – Amanhã nós conversamos.

Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.

– Me larga! – gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: – Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.

– Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!

Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.

Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.

– Deixa eu ficar – pediu ainda, num sussurro. – Juro que não faço mais.

Tive pena:

– Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.

Ela ergueu os olhos:

– Nenhuma empregada?

– Nenhuma.

– Então tá.

Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.




quinta-feira, 23 de julho de 2009

( "O Sonho" - Picasso)


Sou um ser
Humano:
Coloco a cabeça no travesseiro
E sonho.



( Nancy)



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Direito de expressão, censura, toque de recolher....


Pois é, o Ministro Carlos Minc vai ter que responder e justificar para uma comissão da câmara sua participação na marcha pela legalização da maconha.

Estou com ele e com a marcha. Sou a favor da legalização (só disse isto, e os motivos são vários) mas acho que não temos maturidade para tanto.

Uma polêmica está girando em torno disto: "ele, o ministro induz a utilização" (somente conseguem pensar assim - é complicado).

Essa matéria abaixo saiu na ocasião da marcha. Vi em alguns lugares, inclusive onde peguei a foto acima, pessoas horrorisadas com a presença de Minc na marcha. Penso que vivemos em uma democracia (?). O cara é ministro do meio ambiente, acredito que saiba o que está fazendo.

..... Dessa vez não houve liminar que impedisse que a Marcha da Maconha fosse realizada no Rio de Janeiro: milhares de pessoas caminharam pela Avenida Vieira Souto, em Ipanema, na Zona Sul, na tarde deste sábado (9), para pedir a legalização da droga. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou do movimento.“Hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose. Só a hipocrisia não vê isso”, gritou o ministro, sendo aplaudido e ovacionado por todos.


E José Simão, ou a Folha, terá que pagar R$ 10.000,00 por cada citação do nome de ------- (todos sabem né).

Leio, melhor, li, a Folha por anos. Já vi o Macaco Simão citar, brincar, com centenas e centenas de nomes. Essa agora não entendi, ou melhor, entendo como censura. E das mais burras possível; bem como aconteceu na ditadura: banana era nabo. Neste caso, "casta" - o que seria?

O que me incomoda na situação não é a Folha ser reprimida (pois essa de certa forma também nos reprimi), não é o Simão (ele deve estar pouco cagando, assim como eu). Mas o que me revolta é a agilidade para resolverem (entre aspas) questões tão idiotas e medíocres; e ainda, sem a mínima avaliação - e o que é muito pior, usando simplesmente a censura.


Mais uma cidade com decreto de toque de recolhimento, esta no Rio Grande do Sul. Um adolescente falou sobre: "agora tudo fica muito chato, esse horário (22h) ainda estava na casa de meus amigos tomando tereré".

Acho isto o absurdo mor. E alguns pais gostaram (pelo amor de Deus!!!!!). Cada pai ou mãe que cuide (eduque) seus filhos. Que a segurança pública seja ampliada, que a cultura e a educação sejam ampliadas, e não trancar pessoas (jovens adolescentes) dentro de casa. Sim, também vale para as crianças, repito, os pais que cuidem, mantenham suas crianças em casa, e exijam mais segurança nas ruas - e não é isso que estão fazendo.




segunda-feira, 20 de julho de 2009

2 poemas Marcelo Sahea




TODAS AS COISAS DO MUNDO SÃO BELAS


Sorri, lê teus livros, ouve tuas músicas,

Que entre nós não há mistérios ou dúvidas

A serem desvendadas. Dança. Sorri.

Bebe o tom dourado e quente da tarde.

Que importa a vida, suas tantas verdades,

Quando, sei, concebe o sonho em ti?

Que importa a realidade se pode

Ler teus livros, ouvir tuas músicas,

Dançar, sorrir, beber a tarde, as dúvidas,

E ser feliz, e livre, e leve e clara,

Sem que nada te fira ou incomode?

E assim, como a mais órfã das estrelas,

Me ensina a volta ao bem e me revela,

No gosto azul de teu olhar, a certeza:

Todos os poemas são de tristeza.

Todas as coisas do mundo são belas.




sexta-feira, 17 de julho de 2009


Alguns poemas do livro Nômada do poeta, tradutor e jornalista Rodrigo Garcia Lopes.


Mônadas


Faz sentido
esse gerânio em sua boca arrotando dígitos precisos
essa concha de céu enrugado cuja pérola é o sol
esse eco de destino que é resina nítida de escrito
esse beijo de linguagem que é seiva de vertigem
faz sentido

sentido, se faz
de desenho
e de teso
arco es-
tend-
ido
sobre um lago
seco.
Eco.
Resto de signo
ficado ígneo,
ignorante de céu,
cego de seu som,
istmo de tato, olfato, paladar, visão.

Faz sentido o não dito pelo dito,
ritmo & rito de sua própria desaparição,
testemunha ocular do caos
que se concentra na música do acaso,
casulo numa rosa fiberglass.


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NA PASSAGEM DOS CÉUS QUE FOGEM DE NÓS
Na imagem das coisas que retornam sem nós,
Na miragem dessa solidão, você aqui:

Na repetição das antigas sensações
Na fala a provocar o pensamento
Parecendo um passado que se dobra
Sobre essa polpa de presente:

Se a linguagem é nossa realidade
E coisas forem apenas palavras
Então nos restará apenas a veracidade -
Esse váculo que nos acua ao avançar.


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ALGO ME DIZ QUE MOLHAR
tem a ver com olhar

molliare, amolecer
em latim vulgar
substantivo mole como o cristal
deste globo por onde se olham
as plantas das retinas
tornando sólidas e só lidas
as coisas líquidas
o molhe no canto da praia
nuvem, cântaro, orquídea
no agora de sua órbita
súbita

por isso pôr os olhos de molho
por isso neles estampamos ocelos
por isso ele molha quando chora.




terça-feira, 14 de julho de 2009

Tipo sardinhas enlatadas

Tenho carta de mororista desde os dezenove anos, mas nunca tive carro. Poderia me locomover com carro emprestado de meu pai ou minha irmã, mas pra falar a verdade, gosto de transporte público. Espera, deixa eu me expressar melhor: gosto de não dirigir e não encarar esse trânsito caótico. Gosto de ler e até decoro texto, em metrô, em ônibus, e em trem (encarei esse quando ensaie no Sesi Santo André e no Sesi Arthur Alvim), coisa que dirigindo é impossível.

Mas infelizmente não temos um transporte público digno. Foram anos e anos de descaso, de corrupção. Hoje é isso, somos obrigados a nos transportar como sardinhas enlatadas. Dizem que estão resolvendo o problema. Neste marasmo, nós as sardinhas, somente vamos nos comprimindo mais.

Ontem, eu estava na estação Sé tentando ir para o Bresser e esperei vários trens. Finalmente quando entrei (quando me lançaram pra dentro), quase saí pela outra porta (risos) é sério! Tô rindo pra não chorar.

Minha cidade, e de milhões de brasileiros, deveria ser melhor tratada. Os paulistanos e todos que aqui vivem, deverião ser mais respeitados. Esses políticos deverião ter mais vergonha na cara. E a população, deveria estudar e pensar melhor antes de escolherem seus representantes.

Nada contra sardinhas. Aliás, um senhor alimento. Além da grande quantidade de proteínas, contém ômega 3 (assim com o atum e outros peixes, mas as sardinhas contêm mais). Como sabemos ômega 3 é indispensável para o bom funcionamento e formação do cérebro, assim como, para ativar a inteligência.

Penso que deveríamos ingerir mais sardinhas, ao invés de nos deixarmos sermos (as).



domingo, 12 de julho de 2009

e.e. cummings pra fechar o domingo


É sempre muito bom conhecer mais esse poeta extraordinário, e "charmoso libriano" (14/10/1894 - 03/09/1962).

O poeta do livro "No Thanks" - título em vingança aos editores e empresas editoriais que o recusaram - ao todo 14 - e um poema em forma de uma taça com os respectivos nomes abrindo o livro....... genial né.

(eu tô só o pó - socorro!!!!! (risos))

vou botar aqui um poema dele, não o da taça; e a Tradução é de Augusto de Campos:


minha especialidade é viver - era a legenda
de um homem (que não tinha renda
porque não estava à venda)

olhar à direita - replicaram num segundo
dois bilhões de piolhos públicos do fundo
de um par de calças (moribundo)


e.e. cummings


sábado, 11 de julho de 2009


Temo, Lídia, o Destino. Nada é Certo


Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
Em qualquer hora pode suceder-nos
O que nos tudo mude.
Fora do conhecido é estranho o passo
Que próprio damos.
Graves numes guardam
As lindas do que é uso.

Não somos deuses; cegos, receemos,
E a parca dada vida anteponhamos
À novidade, abismo.


Ricardo Reis, in "Odes"

(Heterônimo de Fernando Pessoa)


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ele, o autor, está apontando.....

para o livro que acabei de ler, e um dos melhores que já li até hoje:

"Todos os Cachorros são Azuis".

e também hoje, terminei de ler o excelente " Há Flor da Pele", do mesmo, Rodrigo de Souza Leão.

Daqui a pouco na Casa das Rosas, escritores e poetas estarão realizando leituras em homengem ao Rodrigo.

Não estarei presente, gostaria que ele soubesse o motivo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Augusto Silva (correria)

( rascunho A.S.)


Estou na correria (que bom né!!!! tomara muitoooo que continue assim (rsrrs) já já terei que sair novamente. Portanto ando distante do Suspense:Canal Aberto. Gostaria de estar mais por aqui.

E na correria.....


Quero apresentar pra vocês um cara, um poeta, um músico, escritor e professor de literatura, que amo muito. Ele mora em Londrina (sim, no momento parece que está fora de lá), é o nosso grande
Augusto Silva.

"Madeimoselle" era assim que me tratava, que bonitinho né... fala sério, um gentheman.

Bem, 2 poemas do Augusto:


País do Carnaval

um dia desses subi no morro
gritei bem alto por socorro
pedi a santa padroeira
não sermos nada a vida inteira
e deus falou:
aqui tudo se resolve no pau
e neguinho com medo do underground
aqui bom cabrito não berra
e neguinho sem nada chamado terra
aqui chora menos quem pode mais
um presidente tanto fez e outro tanto faz
no país do carnaval
Caê cita Gil e Gil cita Gal
um mês na Banhia é o ano inteiro
vai ver que por isso em fevereio
tudo vira Rio de Janeiro.

__________________________________________

ninguém na igreja

espero que deus

me veja

segunda-feira, 6 de julho de 2009





entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração comercial
alterna


Paulo Leminski

Poemas do livro Caprichos & Relaxos


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Frases Erasmo de Rotterdam (1469-1536)


"É muito mais honesto estar nu do que usar roupas transparentes"


"A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos"


"Rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de nada é coisa dos estúpidos"


Entre outras obras, "Elogio da Loucura"
Clique na imagem para ampliá-la

É isso aqui: Amanhã, sábado, na biblioteca Alceu Amoroso Lima, em continuação ao projeto A Voz da Poesia, teremos dois grandes representantes da poesia e da música brasileira: Rodrigo Garcia Lopes e Neuzza Pinheiro. Imperdível.

Também amanhã, acontecerá a festa/churrasco de aniversário de meu sobrinho Alex Lee.

É.... estarei nos dois.

Rodrigo de Souza Leão

Mais um luto neste blog. Fazer o quê? Do fundo de minha alma não gostaria de estar escrevendo essas linhas. Poderia contar pra vocês do vinho delicioso de ontem à noite e da saborosa pizza que eu mesma preparei. De conversas e risadas com amigos, dos trabalhos, enfim... papo é que não faltaria. Mas meu papo é outro, bem outro.
A vida não pára (com acento mesmo); ás coisas estão girando junto, sejam boas, sejam ruins, e quase não percebemos, mas estamos juntos. Todos juntos.

E no entanto, tenho que prestar uma pequena homenagem, e também falar pra quem não conhece, de Rodrigo de Souza Leão.

Poeta, escritor e jornalista, Rodrigo nasceu e vivia no Rio de Janeiro. Tem alguns livros publicados, o último, "Todos Os cachorros São Azuis" e poemas em várias revistas literárias.

O poeta se foi.

É triste demais. Ele era novo demais. Escrevia bem demais. Era legal (tive o imenso prazer e honra de conhecê-lo aqui em SP. e trocar algumas idéias com ele). Era gentil demais. Delicado demais.

Cheguei fazer leituras de poemas dele no Centro Cultural SP onde apresentávamos Cabaret Lazarus, quando ao final do espetáculo fazíamos um happening.

Tem o link de seu blog aí ao lado. Estou colocando outro link de uma página dele na internet, onde coloca algumas poesias e algumas belas fotos, inclusive quando pequeno (lindinho).

No mais, um poema que achei numa página organizada pelo poeta Cássio Amaral em 2008, ou atualizada em 2008. É de arrepiar.

Não sei mais o que dizer. Só que, Rodrigo fará muita falta pra poesia e pra nós que curtíamos seu trabalho. Ainda bem, que o poeta pode morrer, mas sua poesia não , né. Da minha parte vai ter sempre alguma coisa dele por aqui neste bloguinho, e vou refazer alguns de seus poemas em meu show. Porque tô sentindo muito mesmo.

Aqui: http://seomario.br.tripod.com/indice.htm


Tudo ficou dourado. O céu dourado.
O Cristo dourado. A ambulância dourada.
As enfermeiras douradas tocavam-me com suas mãos douradas.
Tudo ficou azul: o bem-te-vi azul, a rosa azul, a caneta bic azul, os trogloditas dos enfermeiros. Tudo ficou amarelo. Foi quando vi Rimbaud tentando se enforcar com a gravata de Maiakovski e não deixei.
Pra que isso Rimbaud? Deixa que detestem a gente. Deixa que joguem a gente num pulgueiro. Deixa que a vida entre agora pelos poros. Não se mate irmão. Se você morrer não sei o que será de mim. Penso em você pensando em mim.
Rimbaud tudo vai ficar da cor que quiser.
Aqui não dá pra ver o mar. Mas você vai sair daqui.
Tudo ficou verde da cor dos olhos de meu irmão e da cor do mar. Do mar. Rimbaud ficou feliz e resolveu não se matar.
Tudo ficou Van Gogh. A luz das coisas foi modificada.
Enfim me deram uns óculos.
Mas com os óculos eu só via as pessoas por dentro.



Rodrigo de Souza Leão.