sexta-feira, 3 de julho de 2009

Rodrigo de Souza Leão

Mais um luto neste blog. Fazer o quê? Do fundo de minha alma não gostaria de estar escrevendo essas linhas. Poderia contar pra vocês do vinho delicioso de ontem à noite e da saborosa pizza que eu mesma preparei. De conversas e risadas com amigos, dos trabalhos, enfim... papo é que não faltaria. Mas meu papo é outro, bem outro.
A vida não pára (com acento mesmo); ás coisas estão girando junto, sejam boas, sejam ruins, e quase não percebemos, mas estamos juntos. Todos juntos.

E no entanto, tenho que prestar uma pequena homenagem, e também falar pra quem não conhece, de Rodrigo de Souza Leão.

Poeta, escritor e jornalista, Rodrigo nasceu e vivia no Rio de Janeiro. Tem alguns livros publicados, o último, "Todos Os cachorros São Azuis" e poemas em várias revistas literárias.

O poeta se foi.

É triste demais. Ele era novo demais. Escrevia bem demais. Era legal (tive o imenso prazer e honra de conhecê-lo aqui em SP. e trocar algumas idéias com ele). Era gentil demais. Delicado demais.

Cheguei fazer leituras de poemas dele no Centro Cultural SP onde apresentávamos Cabaret Lazarus, quando ao final do espetáculo fazíamos um happening.

Tem o link de seu blog aí ao lado. Estou colocando outro link de uma página dele na internet, onde coloca algumas poesias e algumas belas fotos, inclusive quando pequeno (lindinho).

No mais, um poema que achei numa página organizada pelo poeta Cássio Amaral em 2008, ou atualizada em 2008. É de arrepiar.

Não sei mais o que dizer. Só que, Rodrigo fará muita falta pra poesia e pra nós que curtíamos seu trabalho. Ainda bem, que o poeta pode morrer, mas sua poesia não , né. Da minha parte vai ter sempre alguma coisa dele por aqui neste bloguinho, e vou refazer alguns de seus poemas em meu show. Porque tô sentindo muito mesmo.

Aqui: http://seomario.br.tripod.com/indice.htm


Tudo ficou dourado. O céu dourado.
O Cristo dourado. A ambulância dourada.
As enfermeiras douradas tocavam-me com suas mãos douradas.
Tudo ficou azul: o bem-te-vi azul, a rosa azul, a caneta bic azul, os trogloditas dos enfermeiros. Tudo ficou amarelo. Foi quando vi Rimbaud tentando se enforcar com a gravata de Maiakovski e não deixei.
Pra que isso Rimbaud? Deixa que detestem a gente. Deixa que joguem a gente num pulgueiro. Deixa que a vida entre agora pelos poros. Não se mate irmão. Se você morrer não sei o que será de mim. Penso em você pensando em mim.
Rimbaud tudo vai ficar da cor que quiser.
Aqui não dá pra ver o mar. Mas você vai sair daqui.
Tudo ficou verde da cor dos olhos de meu irmão e da cor do mar. Do mar. Rimbaud ficou feliz e resolveu não se matar.
Tudo ficou Van Gogh. A luz das coisas foi modificada.
Enfim me deram uns óculos.
Mas com os óculos eu só via as pessoas por dentro.



Rodrigo de Souza Leão.

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