sábado, 28 de abril de 2012


Um poema mui, mui, belo de Rodrigo Garcia Lopes



A LUME SPENTO



Colhe com seus olhos a fumaça que insinua
ao penetrar – sendo incenso e silêncio -
sua mente em meio ao tráfego intenso
da manhã, relumbre em suas mãos nuas.

Daqui das margens desse sonho
ideogramas de formas obscuras
reescrevem seus gestos num bazar estranho
sem saber ao certo o que procura:

Se meus olhos, opacos, entre bijuterias
baratas que você arremessou
(como quem dedilha um sol menor ou
a linha acesa de minhas artérias)

Mas sem querer você abre, de leve,
as persianas e invade uma sutil
reminiscência do que nunca existiu
(Ou, como seu rosto, foi tão breve).





segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sylvia Plath




ESPELHO



Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.

Tudo o que vejo engulo no mesmo momento

Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.

Não sou cruel, apenas verdadeiro —

O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.

O tempo todo medito do outro lado da parede.

Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele

Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele

[ falha.

Escuridão e faces nos separam mais e mais. Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça

[ sobre mim,

Buscando em minhas margens sua imagem

[ verdadeira.

Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.Vejo suas costas, e a reflito fielmente.

Me retribui com lágrimas e acenos.

Sou importante para ela. Ela vai e vem.A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.

Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha

Emerge em sua direção, dia a dia, como um [ peixe terrível.



Poema extraído de:


• Sylvia Plath Poemas

Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça

Ed. Iluminuras, 2a. ed., São Paulo, 1994


quarta-feira, 11 de abril de 2012


Vou usar essa postagem para mandar alguns recados, tá bom?


Amigos, parentes e afins.... desculpem essa criatura por não mandar um e-mail. Não estar entrando no facebook, não estar telefonando.....

A ausência... a ausência... enfim....


O problema, ou solução né (rsrsr) é que estou muito na correria. Estou trabalhando direto com a performance " A Vendedora de Fósforos" (percebam, mudei de cigarros para fósforos), e aí vai um trampo para a confecção. Estou fazendo produção do "Caixinha de Música" - esses dias entreguei um edital e estou começando escrever o trabalho em outro. Estou tentando teatro aqui no Rio para temporada, cuidando da parte artística (que não pode parar né). Estou também pesquisando algumas coisas.... estudando.... me exercitando (corpo, voz - senão atrofiam (rsrsr).


Enfim meus adorados!!! Essa pobre criatura nem tem saído de casa para passeio, lazer. As pouquíssimas brejas têm sido em casa mesmo, e trabalhando ao mesmo tempo. Não tenho grana para pagar empregada, nem grana e paciência para comer fora todos os dias (porque aqui no Rio, além de bem caro, se come mal pra burro). Então criei duas persongens que são uma maravilha (rsrsr). Uma é cozinheira de mão cheia - do trivial ao sofisticado - a outra, arrumadeira esplêndida; exigente também... tem que ter música boa, por exemplo, pra que ela trabalhe direitinho (rsrsr).


E já tenho que me apressar, estou na rua, nem almocei ainda. O estômago está rosnando pra que eu mande algo logo, para que se acalme. Preciso ainda ver algumas coisas antes de resolver esse problema.... tchau e um beijo enormeeeeeee.







quarta-feira, 4 de abril de 2012

Tem aquelas coisas que te incomodam certas vezes quando você acorda. Algo sem saber donde, e ao mesmo tempo agradável. Algo que sente o calor do sol, uma brisa nova, ares diferentes, sons que começam a ficar familiares, pássaros que parecem serem de casa.

Saudade da casa que já não existe mais. Saudade de algumas avenidas vazias devido o feriado. Saudade, prazer, solidão. Imensidão de sensações.