segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Ofélia por John Everett Millais.




Para uma moça bondosa



A moça bondosa ofereceu seu sorriso e seu colo.
A moça bondosa cedeu seus seios fartos.
A moça bondosa não pediu nada em troca.
A moça bondosa hoje apareceu morta.





Esse poema toda vez que aparece, digo, que é tido (o cigarrinho) e lido por alguém, quando estou trabalhando com A Vendedora de Cigarros, causa diversas e longas discussões.

Já pediram pra eu mudar o final do poema, por exemplo. Nem sempre digo que é meu a partir disto.

Outro dia uma moça após ler o poema manifestou em voz alta o quanto tinha gostado, adorado, e passou para que um amigo lesse. O amigo leu e retrucou "como ela poderia ter gostado daquilo?" "Era horrível aquela situação".

Fiquei curiosa em saber qual era o poema, e como se eu já não soubesse, pois acontece sempre, era "Para uma moça bondosa". Então desta vez decidi me apresentar como a autora.

O cara continuava em total indignação: Como morta? Como poderia? Eu perguntava por quê? Ele respondia: Não poderia porque é cruel. Eu dizia: Mas não é uma pessoa, ela não existe, se trata de um poema. Ele: Não, ela existe.

Bom... não vou narrar tudo porque aquilo foi longe. Mas me parece algo do tipo arquetípico: o da mãe por exemplo. Da coisa que é bom, boa, não poder perecer. Algo bom não tem que morrer. Ou se morre não pode ser de qualquer jeito.

Sei lá. Outro dia outro cara se manifestou com a voz meio irritada: Bem feito era boa demais, acabou morta. (rsrsrs) Outra visão....

Eu fico na minha. Apenas escutando e gostando muito que isto aconteça. Na verdade ela está bem viva! a poesia, claro.







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