quarta-feira, 24 de março de 2010



(Divulgação do "milionário" Prêmio SP de Literatura)


OS PRÊMIOS


(Por Marcelino Freire)


Meu sonho era ganhar um prêmio. De teatro. Isso, muito pequeno. Quando eu participava de festivais ainda no Recife. Achava bonito, achava chique. A plateia lotada. E as indicações. E quando o apresentador anunciava o vencedor. A respiração em silêncio. Dos atores, diretores, produtores. E eu lá, sofrendo. Torcendo pelo meu grupo amador. A primeira estatueta veio para a categoria Atriz Revelação. Para Patrícia França. Sim, aquela da Globo. A Tereza Batista, hoje na Rede Record. A peça era minha. A produção idem. Mas era coisa ruim. Melosa. Talentosa era a Patrícia. Desde novinha. Aí veio uma Menção Honrosa. Para uns contos meus - eu com uns 18 anos. Também ganhei uns prêmios pernambucanos. De poesia. Que eu escrevia para outros concorrerem. Putz grila! Quanta coisa vem ao meu juízo! E o tempo vaivém. Um corte. Em 2006, já vivendo em São Paulo, como pode? Veio o improvável Prêmio Jabuti pelo meu Contos Negreiros. Cágado que repousa nas prateleiras da Mercearia São Pedro. No teatro, eis que indiretamente tenho sido premiado. Vários espetáculos, baseados em minhas histórias, colecionam merecidas glórias. Melhor Peça e Direção para Angu de Sangue, Melhor Atriz para Hermila Guedes, Melhor Ator para Fábio Caio. Melhor Dramaturgia para o espetáculo RASIF. E ainda: três troféus para o Hospital da Gente, com o Grupo Clariô de Taboão da Serra. Ave nossa! Outras alegrias como essas vieram para o curta-metragem Darluz (a partir de um conto meu, homônimo) dirigido por Leandro Goddinho. Abocanhou mais de vinte festivais pelos quatro cantos. Mas por que estou falando isto? Só porque me pediram para divulgar, aqui, a terceira edição do milionário Prêmio São Paulo de Literatura. As inscrições estão abertas para o Melhor Romance do ano passado. Eta danado! 200 mil para autor consagrado, outros 200 para autor estreante. Eu fui um dos jurados da primeira edição. Coisa de doido! Num tempo, sonhava eu em levar, lá no teatro, um primeiro lugar. Agora, de vez em quando, sou convidado para apontar o vencedor. Dói-me algo na memória, sei lá. Rir ou chorar? Melhor nem pensar. Emociona-me, por exemplo, lembrar que os presos da penitenciária Aníbal Bruno, no Recife, batizaram com meu nome a sua sala de leitura. E os dois inesquecíveis prêmios que me deram na Cooperifa e maravilha! E os e-mails que quase diariamente recebo de leitores. Dizendo algo assim: descobri seu texto. Descobri um amigo. Ou: não estou tão só. Para o menino que eu fui. Pedinte. De coração na mão. Não há estímulo melhor.



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