terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Clovão: só na manha



Estamos em temporada de pesca. E todos os dias de manhã alguns barcos pesqueiros reúnem-se neste pedaço de mar até partirem para o trabalho. Fico observando. Alguns jogam uma rede enorme envolta do barco e ficam por aqui.

Desde criança tenho paixão por embarcações: barcos, navios, botes, transatlânticos (e passam uns maravilhosos por aqui, principalmente na época do ano novo... cada um enorme!... na verdade prefiro os barcos... e quanto mais parecido com aqueles que a gente faz com papel... dobradura, melhor.

E desde que soube da morte de um querido amigo que fiz em Londrina, o Clovão, penso nele diariamente. E vejo seu rosto em minha memória; rindo leve. E escuto nitidamente sua voz dizendo "só na manha Nancy, só na manha" - e nossas risadas.

E engraçado porque esses dias eu estava bastante ansiosa e até desanimada (coisas da nossa labuta Ok) e aí me vinha na lembrança (como eu disse acima) a voz do Clovão: "só na manha Nancy, só na manha". Eu ria e chorava ao mesmo tempo. Não sei se pela morte do Clóvis; pela minha situação (rssrsr); ou simplesmente pela beleza das coisas que fluem na manha. Assim como a coreografia dos pássaros atravessando esse céu. Assim como o balançar das árvores; como o canto das cigarras; dos pássaros. Como o espetáculo das borboletas. Assim como o nossa respiração quando está tranquila. Assim como o amor; As embarcações; Assim como a leveza e sabedoria de qualquer coisa.


Obrigada Clóvis.



Clovão de preto e atrás o ator e escritor Márcio Américo



Um comentário:

  1. uma das notícias mais doídas que já tive, Nancy.
    É assim: quem se vai já não sente, já não sabe...Nós, que continuamos a existir, vamos
    contabilizando e sofrendo perdas como essa, o Clovão...uma das pessoas mais leves que já conheci. Um nobre.
    Que merda, Nancy...que merda saber, que merda sentir tanto...
    Vou levar essa foto, dois caras que amo.

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