segunda-feira, 30 de novembro de 2009


Postei bastante coisinhas, vídeos, poema ..... vou ficar sem internet por uns dias. Ah, sim passarei por Lans. Podem enviar e-mails... comentar.... Inté.



Clique nos links:


Pra dizer Adeus -Edu Lobo e Torquato Neto- Raphael Cortezi






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Hermeto Pascoal - Live at Montreux Jazz Festival (1979)






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(Céus... nem imagino que ano é isto... será que nesta época existia homem mais lindo que ele? (risos) não consigo imaginar... aí vai (sentiram né...). Com vocês ....



Elvis Presley - G.I.Blues





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Duffy - Mercy













Anotações Hilda Hilst - (escritora, dramaturga, poeta)




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"Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor"





Samuel Beckett




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Se sou amado,

quanto mais amado

mais correspondo ao amor.


Se sou esquecido,

devo esquecer também,

Pois amor é feito espelho:

tem que ter reflexo.





Pablo Nerruda




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"Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes"




Abraham Lincoln








sábado, 28 de novembro de 2009



Um Beijo




Que tivesse um blue

Isto é

Imitasse feliz

A delicadeza, a sua

Assim como um tropeço

Que mergulha surdamente

No reino expresso

Do prazer

Espio sem um ai

As evoluções do teu confronto

À minha sombra

Desde a escolha

Debruçada no menu;

Um peixe grelhado

Um namorado

Uma água sem gás

De decolagem:

Leitor ensurdecido

Talvez embebecido

"ao sucesso"

diria meu censor

"à escuta"

diria meu amor

sempre em blue

mas era um blue feliz.





Ana Cristina César






quinta-feira, 26 de novembro de 2009



Hi! Ando meio sumida daqui, tô correndo atrás de um monte de coisas além dos trabalhos - burocracias (só pra citar uma) seguro de vida. Pra quem passou por isto sabe. Ter que receber por alguém ter morrido é muito chato. Não quero ser hipócrita, lógico que tem seu lado bom, dinheiro sempre é bem vindo, mas é muita burocracia e é muito, muito triste. E aquelas coisas, tenho certeza, pra venderem os seguros para meu pai, talvez ele nem tenha precisado assinar. Enfim... vamo q vamo.... Hoje estava bom para uma praia né, paulistanos.....


Estou colocando dois poemas de Marcelo Tápia.




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quem sabe um dia, babel



quem sabe um dia, babel

no Brasil se fala espanhol

para spielbergs e zeffirellis

para o americano comum

para o mercado comum europeu

no Brasil se fala inglês

para a sanduicheria e o free-lancer

para o jeans da loja do shopping

para o ok do marketing

o Brasil é um país português

para a academia de letras

para a piada

para o pão nosso de cada dia

o Brasil é um país plurilingüístico

para o bairo da Liberdade, o Bom Retiro

para os letristas de rock (vende-se talentos)

para o poema em esperanto

o Brasil é um país único

para o berço de um poeta intraduzível

para a cama de multi-escritores

(traduzidos em todas as línguas)

para a morada eterna das possibilidades




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3,3 semanas de amor



te conheci

no dia universal do doador de sangue

te comi

no dia universal contra a aids

te ganhei

no dia do relações públicas

te exibi

no dia mundial da propaganda

te emprenhei

no dia nacional da família

te prendi

no dia da declaração universal dos direitos do homem

te liberei

no dia do reservista

te flagrei

no dia do vizinho

te quase bati

no dia da marinha mercante e do salva-vidas

te perdoei

no dia da confraternização universal

te enganei

no dia do fico

te mereci

no dia do enfermo

te cortei

no dia dos tribunais de contas do Brasil






terça-feira, 24 de novembro de 2009



Esse sol
é meu

não é seu

Essa lua
é minha


não é sua

Sou egocêntrica sim

Nasci assim

Nanci

Cantando

Sol e Lua

Só pra mim.





(N.)





domingo, 22 de novembro de 2009

Olá..... estou bem sumida né .... na correria.

Estive em alguns encontros na Balada Literária. Foi bem bacana. Na sexta teve um pequeno apagão e a Livraria da Vila ficou sem luz por algumas horas. Não sei o que houve, mas Claudio Willer, Frederico Barbosa, Rodrigo Garcia Lopes e o venezuelano Léo Felipe, tiveram que continuar o papo no escuro, o que foi bem interessante. E o papo que já estava muito bom, ficou melhor.

A mesa seguinte tiveram que transferir para fora da sala, no meio da livraria. O legal é que mais pessoas puderam ouvir. Essa mesa era composta por Xico Sá (mediando), Mário Prata, Reinaldo Moraes, e Maurício Gutemberg.
(Gente, não dá pra falar o que foi aquilo. Foi engraçado demais, fiquei até com dor na barriga de tanto rir).

Imaginem (não aguento, vou contar um pedaço de uma das histórias que nos contaram); 1987; uma novela, Helena, transmitida pela TV Manchete - baseada num romance de Machado de Assis. Escrita (co-autoria) por Mário Prata, Dagomir Marquesi e Reinaldo Moraes. O Prata saiu numa viagem para a Disney e pediu para o Dagomir tomar conta do Reinaldo, não deixar ele viajar muito, pois eles continuarião escrevendo com algumas indicações do Mário... entendem? e deu uma grana pro Dagomir.

Os dois conversaram e chegaram a conclusão que deverião dividir a grana.

Um certo dia, o Mário Prata, lá na Disney, recebe uma ligação do José Wilker perguntando quando ele iria voltar; e comunicou-lhe que o elenco estava em grupo, reunidos para discussão.

Quando Mário retornou, descobriu que Dom Pedro, que deveria passar pelo local, somente isto, havia sido sequestrado por um camaradinha que jamais havia dito algo na trama; seu personagem ficava o tempo todo abanando alguém, enfim...
E o Reinaldo defendendo-se: Lógico, teria que ser ele o sequestrador..... um insuspeito!

Mário Prata: Mas não era para o Dom Pedro ser sequestrado!!!

Reinaldo: Achamos que ficaria mais interessante ...

Ok. ... isto foi longe.... e foi bom demais....



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E Hoje é dia de Santa Cecília a padroeira dos Músicos. Salve Salve santa Cecília. Tô colocando algumas imagens da Santa.



este é de Matteo Rosselli








quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Algumas fotos pegas no site da Balada Literária:



O grande Chacal


Essa flor chamada Lygia (Fagundes Telles)


O cara: Fernando Bonassi

Vitor Araújo



O inconfundível: João Ubaldo


Ele: Mário Prata




E como não poderia deixar de faltar: ela "A Merceária São Pedro"







terça-feira, 17 de novembro de 2009




Balada Literária



DE 19 a 22 DE NOVEMBRO DE 2009


Autor homenageado: João Silvério Trevisan


Criação e curadoria: Marcelino Freire



Para conhecer toda programação clique abaixo:












segunda-feira, 16 de novembro de 2009



Mais um pouquinho de Nuno Mindelis



"Texas Bound"









domingo, 15 de novembro de 2009




Hoje bateu saudades de Nuno Mindelis. Tô colocando abaixo ele tocando no Centro Cultural SP. Não aparece a data, mas tenho quase certeza que eu estava lá.




"Wind cries Mary"











sábado, 14 de novembro de 2009



Haikai






Solitárias


folhas de primavera.



Nós, na espera.






(Nancy - 14/11)





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Quantas já, 4 ?, obras que sofreram desabamento de uma parte, ou total, como a do metrô?







sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Artaud


a Europa se esgotou
e tu vieste à América dos tarahumaras primitivos
dançando a força de seus rituais
até chegar ao estágio da visão.

Você queria entender o sol
participar do transe de secretas ordenações
como se tudo fosse uma espécie de lição

e agora alguma coisa te restitui
ao que existe do outro lado de ti


aprende Artaud
a reconhecer os sinais
os deuses nos contemplam dos rochedos
e eles nada pedem
só o físico sobrenatural
só a matéria de tua pele
em carne viva desde sempre
a refletir um sonho que se vai

agora conheces os que curam através do sonho
e sabes que um branco é apenas um homem
que os espíritos abandonaram

agora sabes das cruzes com os espelhos amarrados entre dois sóis
raiz hermafrodita
labareda
faz teu apelo às forças obscuras

Artaud

grande mestre curandeiro
o rito da aurora negra
na noite eterna do sol.






(Antonin Artaud)






quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Anelis Assumpção


Show grátis nesta sexta (13/11)


O Show faz parte do projeto "Música para Todos",
que acontece todas as sextas no Teatro Coletivo


Local: Teatro Coletivo - Rua da Consolação, 1623 –

tel. 3255.5922
Data: 13 de novembro (sexta)

Horário: 21h

Capacidade: 130 lugares


Censura: livre


Preço: Entrada Franca





Blecaute

Ontem me senti dentro do livro de Marcelo Rubens Paiva: Blecaute. Da janela de meu prédio via bem distante, apenas algumas luzes por geradores. Só agora estou me dando conta do tamanho do apagão.





terça-feira, 10 de novembro de 2009

A partida... Waldir Aguiar



Agora pouco li no blog atire no dramaturgo (Mário Bortolotto), que o Waldir nos deixou. Não tenho muito a dizer. Estou um pouco chocada. Esse ano tem sído difícil, tive várias perdas, a maior de todas, meu pai né...


Conversei bastante com o Waldir no dia em que gravamos a Marcha Mundial. O Edvaldo Santana e ele foram uns dos últimos a chegar no estúdio e fomos embora juntos. Eu e o Edvaldo para a zona Norte, e o Waldir seguiu seu caminho até São Miguel. Antes rimos muito falando em futebol.


Nos encontramos novamente no show do Rodrigo (Garcia Lopes) o Waldir que produziu. Puxa; ele disse que tinha tido um aumento de pressão, iria ter que tomar uns remedinhos, mas estava tudo bem. Que triste.


Sentiremos sua falta. Um queridão. Uma pessoa doce, bacana, gentil.... breve demais. É .....






segunda-feira, 9 de novembro de 2009





Dou importância às miudezas.

Sou um apanhador de desperdícios

que nem as boas moscas





(30 segundos - por Manoel de Barros)






sexta-feira, 6 de novembro de 2009



não existe


sorte

azar

não existe



tudo é risco


arrisque


leão de zôo

tem os olhos tristes


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Esse poema lindo, e que diz um monte de coisas, é de Nelson Capucho, grande pessoa e poeta, que mora em Londrina. Foi musicado pelo Madan, e está em um dos seus Cds. Estou colando abaixo o link (Madan) onde pode se escutar a música, clicando em download, "Vôo" - o nome, ou título, do poema. Creio que vale a pena escutar. É fácil.




Aqui: Madan





quinta-feira, 5 de novembro de 2009


( foto: Rodrigo Budag)




Tenho fugido de mim

Na tentativa de me achar



Ou quem sabe.....




Perde-me de vez.








quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Clique na imagem para ampliá-la


O projeto Outros Contextos, do SESC Consolação, em novembro faz uma homenagem ao poeta curitibano Paulo Leminski.

Iniciado pela unidade em agosto, Outros Contextos tem como objetivo incentivar a leitura de obras de importantes autores da literatura brasileira e universal.

Neste mês, Que Viva Leminski! apresenta a vida e a obra de Paulo Leminski por meio de mesa de discussão, apresentação musical, leitura de poemas e ambientação, com consultoria de Ademir Assunção e direção de arte de Miguel Paladino.

Fãs e amigos de Leminski como Boris Schnaiderman, Jerusa Pires Ferreira, José Miguel Wisnik, Neuza Pinheiro, Alice Ruiz, Mario Bortolotto, Ademir Assunção e Áurea Leminski fazem parte da programação.

Obras do poeta e CDs com músicas compostas por ele estarão à disposição do público para consulta no local. Textos e fotos de Leminski, em suas mais variadas facetas, serão plotados nas paredes, portas e elevadores, oferecendo ao público a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele.

Paulo Leminski na década de 1970, teve poemas e textos publicados em diversas revistas - como Corpo Estranho, Muda, Código e Raposa.

Em 1975 lançou o seu ousado Catatau, que denominou "prosa experimental", em edição do autor. Como compositor, Leminski teve a música "Verdura" gravada por Caetano Veloso no LP Outras Palavras, de 1981. Depois vieram outras gravações: "Mudança de Estação", com A Cor do Som; "Valeu", com Paulinho Boca de Cantor, e várias com Moraes Moreira: "Decote Pronunciado", "Pernambuco Meu", "Baile no Meu Coração", "Promessas Demais", música tema da novela Paraíso Tropical, da Rede Globo, em 1982. Em 1998, Arnaldo Antunes gravou em seu disco Um Som a música “Além Alma”.

Foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Faleceu no dia 7 de junho de 1989 em sua cidade natal, mas sua obra tem exercido marcante influência nos últimos 20 anos. Seu livro Metaformose venceu o Prêmio Jabuti, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.


OUTROS CONTEXTOS - QUE VIVA LEMINSKI!


De 5 de novembro a 19 de dezembro.
Segunda a sexta, das 13h às 22h
Sábados, das 9h às 18h.

Não recomendado para menores de 16 anos

Grátis.



AberturaDia 5/11. Quinta, às 20h.

Leminski em prosa, verso e música.

Mesa de discussão a partir da vida e da obra do poeta curitibano, com os professores Boris Schnaiderman, Jerusa Pires Ferreira e José Miguel Wisnik. Mediação do poeta Ademir Assunção

Local: Sala Ômega – 8º andar. Lotação: 80 lugares.

Não recomendado para menores de 12 anos Grátis.



Dia 7/11, sábado, às 20h

Distraídos Venceremos

Poemas de Leminski por Alice Ruiz, Mario Bortolotto,

Ademir Assunção e Áurea Leminski.

Local: Espaço Beta – 3º andar.Duração: 45 minutos

Grátis. Lotação: 60 lugares.



Dia 11/11. Quarta, às 19h30.

Profissão de Febre

A cantora Neuza Pinheiro, acompanhada do músico Ronaldo Gama,
apresenta parcerias com com Leminski, entre elas

"Para umas noites que andam fazendo", "Filho de Santa Maria", "Idéia Brilhante", "Puro Espírito", "Sina que me brisa" e "Alma rasa".


Local: Espaço de Leitura – 3º andar

Não recomendado para menores de 12 anos

Grátis.


Dias 13 e 27/11. Sextas, às 16h.

Uma palavra para Leminski Narração do texto infanto-juvenil

Guerra dentro da Gente, realizada pela contadora de histórias Kelly Orasi, do Núcleo Trecos e Cacarecos.
Duração 45 minutos.

Local: Espaço de Leituras. Não recomendado para menores de 10 anos

Grátis







segunda-feira, 2 de novembro de 2009



À esquerda, Décio Bar nos tempos de política, em 1973. À direita, em 1962, com os poetas (da esq. para a dir.) Demétrio Ribeiro, Claudio Willer, Cassiano, Rodrigo de Haro, Eduardo, Roberto Piva e Marcos Ribeiro




..... Hoje feriado de finados, que lindo dia fez aqui em São Paulo não é mesmo? Fiquei pasma, em dia de finados sempre chove!!! ... vi depois num jornal da TV que hoje se quebrou uma regra de dez anos. Isto é, há dez anos não tínhamos um dia 02 do11 com sol brilhando o tempo todo.


Fui acordada ás sete da manhã por um bem-te-vi que vive nos arredores. Ele sempre canta de manhã. E canta muito alto. Mas hoje, não sei porque, ele estava mais inspirado do que em outros dias. E cantou muito, mas muito alto! Tive que me levantar, pois o show durou quase uma hora, com direito a uma pequena reprise depois de uns 15 minutos de descanso. O ruim é que ele só canta: " bem-te-vi, bem-te-vi" (risos).


Vi uma reportagem no Jornal Hoje, que em Londrina (tô com uma tamanha saudade!!!), as cigarras estão cantando tão alto que estão ultrapassando os sons das ruas: carros, buzinas, etc.


Tentei hoje me divertir e me distrair com dezenas de coisas. Mas o dia foi bem triste apesar do calor, do sol, das cantorias dos pássaros - mais precisamente nosso barítono Bem-te-vi - da reportagem sobre as cigarras, das músicas que ouvi, filmes, arrumação no ap. etc.


Ainda não me conformo (e acho que não conformarei nunca) com a perda de meu pai. Está difícil demais pra mim. Têm momentos em que nem acredito. Estou tentando ficar bem, mas sei que também faz parte tudo que estou (estamos todos) passando.


Agora pouco estava vendo umas coisas na net e achei este poeta, Décio Bar. Sinceramente não o conhecia. Li o poema que estou colando aqui, e depois curiosa fui saber sobre o autor. Fiquei pasma ao saber de sua morte prematura: Paulistano - 1943- 1991. Hoje também lia o livro " A vida, a época e a obra de Edgar Allan Poe" - e lógico, além dele, quantas e quantas mortes prematuras.


É... acho que não há regras para a vida.....



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Banquete de Rebeldia

(Décio Bar)



[TODAS AS MANHÃS]




Todas as manhãs —


mesmo as cavalgadas por astros

esporeados, as adormecidas em

noturnos abraços de serpentina,

as que vêm de naufrágios em

taças de magnésio, as que surgem

repentinas (aquelas em que percebemos

o crescimento da sombra das unhas) —

Todas as manhãs


uma tempestade sai do mar e eu

sou o seu oco:

... — e não, ainda não se dá o tempo

da clarineta, e nem a tesoura recortando

os calendários de sangue entrevê

a água de espelhos, e assim


Todas as manhãs

com o sol dentro do copo, sondo os

cabos submarinos em busca de avarias,
indago de algum telegrafista desertor

roído de nostalgia, e vasculhando os

céus I’m just a man in a crowd — poor

cloud of birds and angels; e assim vou

— na trilha, nos trilhos — de uma parede

ao muro que me limita, com os olhos

muito longe de mim


E neste ritual


em que não faltam túmulos de jornais,

flautas enlanguescidas por carência de valsa

compulsando corpos que o inverno

reduziu da medida de meus delírios; aliando-me a

querubins alucinados sedentos

de ambigüidades; valendo-me de um

telefone de aço para uso psicotrópico;

deitando cartas no leito das formas

que se pode adivinhar no bojo das

nuvens, ou na epiderme da pólvora


Neste ritual espero


da outra manhã

que me sirva à mesa no meu banquete

de rebeldia.







domingo, 1 de novembro de 2009


Improvisar. Poder estar aqui e lá. Improvisando chegar em algum lugar. Apenas estar. Na estrada, num barco, solo pisado, gramado, asfalto quente, mar gelado... apenas estar. Improvisar o que se ouve. Improvisar o que se cheira. Improvisar pisar em pedras. Improvisar a temperatura, a ruptura ou a conjuntura. Improvisar o correr, ou o andar. Improvisar um cantarolar, ou deixar o alheio tocar. Improvisar seguir, ou voltar. Improvisar não temer. Improvisar vivenciar. Improvisar parar, de improvisar.