terça-feira, 26 de janeiro de 2010


Matisse


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Meu sorriso se faz lágrimas - emoção do teu sorriso. Da tua e de tantas ressurreições.


O poeta está deitado em berço nada esplendido a espera de alguma coisa - menos corredores, menos palavras, mais significados - intensos: Piva.



Seres Humanos andam pra lá e pra cá, depois se deitam e se aconchegam com aquilo que lhes sobram, o mais sagrado: seus corpos, seus eus Haitianos.



Muitos hoje nadam em águas que não mais lavam e sim levam ... a quase vida.... lamas levam ....

lavam as lágrimas vivas ...


Não deves ser tão ingrata, as águas também salvam. E hidratam para uma vida que recomeça, ressurge.


Assim como a saliva, sempre nova sempre úmida sempre quente, como a que desliza sobre nossos corpos, em momentos reluzentes, e movimentos de amor.





Nancy





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Paranóia (1963)




Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci

onde anjos surdos percorrem as madrugadas tingindo seus olhos com

lágrimas invulneráveis

onde crianças católicas oferecem limões para pequenos paquidermes

que saem escondidos das tocas

onde adolescentes maravilhosos fecham seus cérebros para os telhados

estéreis e incendeiam internatos

onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos furiosos puxam

a descarga sobre o mundo

onde um anjo de fogo ilumina os cemitérios em festa e a noite caminha

no seu hálito

onde o sono de verão me tomou por louco e decapitei o Outono de sua

última janela

onde o nosso desprezo fez nascer uma lua inesperada no horizonte branco

onde um espaço de mãos vermelhas ilumina aquela fotografia de peixe

escurecendo a página

onde borboletas de zinco devoram as góticas hemorróidas dasbeatas

onde os mortos se fixam na noite e uivam por um punhado de fracas penas

onde a cabeça é uma bola digerindo os aquários desordenados da

imaginação.






Roberto Piva




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