domingo, 11 de julho de 2010


A atriz, diretora e cineasta Fanny Ardant


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Estou entregando amanhã (data de encerramento das inscrições), um projeto no Minc "Prêmio Culturas Ciganas". E gostaria de falar um pouco sobre isto.

Há um mês e meio estou envolvida neste projeto. Foram muitos dias de pesquisa e vários dias num acampamento cigano. Me desculpe mas não vou dizer qual por enquanto. Quero proteger a comunidade. Os ciganos preferem se protegerem, e fazem bem, pois muitos só se aproximam para tirar vantagens. Como disse a lider desta comunidade que mencionei:


"trazem uns brinquedinhos fajutos, duas três cestas básicas, tiram fotos conosco, da comunidade, e saem falando por aí que fazem parte do nosso clã; pedem dinheiro por aí e dizem que é para nos ajudar... abrem até ONGs, e pra nós nunca chega nada".


Mas eles são muitíssimos dignos. As mulheres trabalham produzindo vestes ciganos, artesanato e lêem mãos e cartas. Está vivo, presente em seus cotidianos, suas tradições, a língua (Shibi), a cultura (danças, rituais, celebração de Santa Sara Kali (padroeira dos Ciganos) e a própria forma de vida: nômade, apesar de estarem menos viajantes devido a preocupação com o estudo das crianças (o que até pouco tempo não era muito importante para eles, tanto que 99% dos adultos desta comunidade, são analfabetos).


O preconceito com esse povo é ainda muito grande. Estão sempre à margem... etc e tal. Na verdade, quando eu cheguei pela primeira vez nesta comunidade, minha intenção era fazer um mini documentário. Só depois de outros encontros e de obter a confiança deles, que tive a permissão para escrever o roteiro e o projeto. Mas depois.... depois de algumas noites de insônia.... cheguei a conclusão que eles não precisam de documentário e sim de condições melhores de vida e matéria prima para criarem. Então, já meio que na correria, consegui convencer a lider da comunidade a ser a proponente do projeto, a fazer um projeto; então fiz o projeto para eles. Lógico, indo mais vezes para a comundidade, escutando, aprendendo sobre o dia-a-dia, tentando ouvir suas necessidades. E na verdade só escrevi mesmo, lógico aprimorando e formalizando as idéias e a proposta para a forma escrita. E a dançarina e pesquisadora de danças folclóricas e populares, Mônica Gouveia, esteve comigo deste o início.


A atriz Fanny Ardant (foto acima) fez um curta metragem de seis minutos sobre Ciganos. Vou colocar abaixo, ao final da postagem. Está em italiano, mas dá pra entender, e tem legenda em inglês. Estou colocando também um trecho de uma reportagem que colhi na internet, com ela. A Fanny não tem idéia de como vivem renegados os ciganos HOJE, e sempre, aqui no Brasil. Esta comunidade (como já disse, por enquanto não devo dizer), é bem próxima de São Paulo. E agora um pouco de poesia: Eles são coloridos... lindos.... ascendem fogueira ao final da tarde e dançam.... eu, apesar do pouco contato já posso dizer, com todo meu coração que os amo. E graças "aos Ciganos", hoje sou bem aceita por eles e somos amigos. É uma coisa meio maluca, quem gosta de cigano gosta verdadeiramente... gosta muito, muito.

Esta foto abaixo peguei na Net. A foto é de Paulo Pepe e são duas ciganinhas (como gostam de serem chamadas, da comunidade de Itaquaquecetuba - SP.).


Agora deixa eu correr ... final de copa... acho que vou assisitir né...




Fanny Ardant dirige e protagoniza um dos segmentos, “Chimères Absentes”. Para a atriz francesa, que já trabalhou com François Truffaut (com quem foi casada e fez seu primeiro grande filme “A Mulher do Lado”, de 1981, e o último do diretor, “De repente, num Domingo”, de 1983), Ettore Scola (“O Jantar”, 1998), Michelangelo Antonioni e Wim Wenders (“Além das Nuvens’, 1995) e Sidney Pollack (“Sabrina”, 1995), o cinema deve ser uma arte sem fronteiras.

Prova disso é que Fanny leva para as telas uma de suas grandes paixões: o povo cigano. No filme, ela é uma professora de música numa escola de uma cidadezinha da Itália cuja vida muda quando entra em contato com a cultura cigana. Mais do que isso, o curta é sobre a tolerância.


“Quando fui convidada pela ONU, a proposta me instigou. Não é a mesma coisa que fazer um filme sozinha, no qual você deixa a sua criatividade livre. É preciso seguir algumas regras”. Ela conta que queria usar facas numa das cenas, mas foi alertada pelos produtores que tinha liberdade para abordar qualquer assunto, mas não podia usar qualquer tipo de arma no filme. “Isso não foi um entrave, eu pude contornar esse problema e resolver a questão de outra forma”, explica.

Para criar o filme, a atriz e também diretora explica que buscou no seu imaginário uma história que fosse coerente com ela mesma.

“Nunca fui uma pessoa política. Mas se creio numa coisa, creio até o fim. Eu amo os ciganos, tinha que falar sobre eles no filme.” Sua personagem, uma professora de música, abandona sua vida, e passa ensinar crianças ciganas.

No ano passado, Fanny dirigiu o longa “Cinzas e Sangue”, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo. Ela conta que foi uma experiência que ‘aconteceu na vida’ dela, e não algo planejado. “Foi algo obscuro, um tanto misterioso, uma série de fatores que foram me levando a dirigir um filme. Não foi como eu pensar, ‘agora está na hora de virar diretora’”.

Segundo a atriz, para dirigir é preciso, acima de tudo, ter jogo de cintura. “Eu me sentia como numa floresta, precisava pular de galho em galho, para conseguir fazer o trabalho até o fim”.

Para levar o projeto até o fim, Fanny conta que em diversos momentos se lembrou de seu ex-marido Truffaut que num set de filmagens jamais cedia a pressões e chantagens. “Ele não se deixava influenciar, fazia o que queria da forma como desejava. Lembrar dessa persistência dele me deu paz na alma na hora de dirigir um filme. Foi a minha inspiração”.

O Brasil e o mundo


Essa é a primeira vez que Fanny veio a São Paulo, e do alto do 21º andar do seu hotel na região da Paulista, a atriz achou a cidade surreal. “Parece uma pintura de Salvador Dalí com seus arranha-céus, em meio a árvores que parecem vindas da Floresta Amazônica”.

Ela conta que boa parte daquilo que conhece do Brasil vem da literatura clássica. “Eu conheço os grandes autores brasileiros, e eles são genais. Isso sempre me fez pensar porque não faz tanto cinema no Brasil”. E quando fica sabendo que o mercado brasileiro é dominado por blockbuster americanos, ela diz não se espantar. “É assim em quase todo o mundo, infelizmente”.

Além da literatura, Fanny conhece um pouco de cinema brasileiro – especialmente os filmes de Walter Salles, que sempre estreiam na França. Ela diz que adoraria trabalhar com um diretor brasileiro. “Gosto do sabor da aventura, da descoberta. Sempre quero saber qual a imagem que um cineasta estrangeiro faz de mim”.

Se, por um lado, Fanny está curiosa para descobrir a imagem que os diretores estrangeiros fazem dela, por outro, ela diz não gostar nenhum pouco dos remakes norte-americanos de filmes franceses. Recentemente, estreou no Brasil, “O preço da traição”, refilmagem de “Nathalie X”, que ela protagonizou ao lado de Emmanuelle Béart e Gerard Depardieu. “Sempre é uma péssima ideia refazer um filme. Como disse Godard uma vez: ‘os franceses têm ideias, mas não têm dinheiro; já os americanos têm dinheiro, mas não tem ideias’. Adoro essa frase!”, alfineta.



O curta metragem AQUI:



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