sexta-feira, 23 de julho de 2010




Um Soneto - Cecília Meireles





A INOMINÁVEL



...Leve... — Pluma... Surdina... Aroma... Graça...
Qualquer coisa infinita... Amor... Pureza...
Cabelo em sombra, olhar ausente, passa
como a bruma que vai na aragem presa...


Silenciosa. Imprecisa. Etérea taça
em que adormece luar... Delicadeza...
Não se diz... Não se exprime... Não se traça...
Fluido... Poesia... Névoa... Flor... Beleza...


Passa... — É um morrer de lírios... Olhos quase
fechados... Noite... Sono... O gesto é gaze
a estender-se, a alargar-se... — E enquanto vão


fugindo aos passos teus, Visão perdida,
chovem rosas e estrelas pela vida...
Silêncio! Divindade! Iniciação!








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