ao longo desses anos, fez mil planos,
quase todos ainda irrealizados.
perdeu o pai, a mãe; perdeu também
parte da faculdade de enxergar
que sempre pareceu-lhe imprescindível,
por permitir-lhe perscurtar poemas
e contemplar as criaturas belas;
só acumulou espantos e quimeras,
mas continua crédulo e cretino,
e ainda pior: repleto de esperanças.
em suma, continua acreditando
que a realidade é uma alucinação
criada pela falta de utopia.
se um dia for ceifado deste mundo
(como se vê, é um otimista irredutível),
talvez alguém escreva em sua lápide:
a eternidade dura muito pouco:
eu quero ser feliz aqui e agora
Geraldo Carneiro
do livro Lira dos Cinquent'anos, 2002) aqui tirado da Revista Coyote
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