sábado, 17 de dezembro de 2011



Performance "A Vendedora de Cigarros"






Na sexta-feira trabalhei com minha performance A Vendedora de Cigarros. Há um mês não a colocava nas ruas. E como sempre o resultafo foi espetacular pra mim.


Dentro de tudo que aconteceu na noite, vou contar uma que me deixou meio, sei lá, contente, feliz, emocionada, e até preocupada (rsrsr). O teatro, meus shows, graças a Deus, sempre me deram muita alegria (bem pouco dinheiro, ou quase nada mesmo), mas sempre tive aquela sensação boa de estar realmente transmitindo coisas legais.


Agora, o que acontece com essa performance me deixa até meio, digo, bastante, zonza (rsrsr). Vamos lá ao que eu iria contar:


Passando naquela rua que vai dar na escadaria de Santa Teresa, um músico sentado numa mesa de um bar, com seu instrumento no colo tomando uma breja, me chamou. Resumindo, ele queria um poema meu, dos cigarrinhos.


Quando achei um (tenho que abrir um por um e depois montar o cigarrinho de novo). Entreguei a ele. Ele leu, eu achei que não iria gostar e já procurava outro. Mas não precisou, disse ter gostado muito inclusive. Fui embora.


Na volta, ouvi alguém me chamando da mesa do rapaz. Fui até lá e aí ele estava acompanhado com um colega, notave-se também músico. E o cara foi dizendo: "moça quero o poema dele". " O meu não cara". Um pequeno mal entendido: "quero um igual o dele". Vou tentar". E fui abrindo cigarrinhos até abrir todos, e nada.


Infelizmente não tenho mais aqui. Ofereci outros, Hilda Hilst, poemas maravilhosos de poetas grandiosos. E nada. "Posso lhe enviar por internet se gostou tanto" (pois a expectativa do cara a cada cigarrinho que eu abria era impressionante). E nada. O cara ficou realmente triste. Disse que queria naquela noite, pois daria a alguém.


Eu já estava meio de saco cheio (rsrsr) e precisando continuar meu trabalho. "olha não posso mesmo fazer mais nada. Tchau.....". Aí o cara olhou dentro da minha, minha (na verdade não sei como se chama - dentro de minha maletinha que se transforma naquela coisa que as vendedoras de cigarro usam abertas, com tiras no pescoço e cintura) e viu uma caixinha (linda!) da Elis Regina. Pegou a caixinha e disse num tom esquisito: "vai a Elis mesmo, acho que ela vai gostar". "não quer ler o poema de dentro, perguntei?" "Não, não quero não". Me pagou, não quis troco, e eu continuei meu trabalho. Fiquei curiosa pra saber qual poema ele estava levando. Eis o meu poema, abaixo:




Dança do Cisne


O verdadeiro amor
é dourado
cintilante
prateado.

Amor
Resplandece
Restaura corpos
(in natura)
Inova almas
Ressuscita.

Amor brota
Enraíza
Floresce
Amor não morre
Nós morremos
Ele permanece.








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