sexta-feira, 30 de abril de 2010




Língua


Áspera

Fedentina

Solta

Comprida

Língua

Mal tocada

Mal lambida

Mal chupada

Mal mordida

Língua

Cuspida

Dissimulada

Da

Mentira





(Nancy 2008)





quinta-feira, 29 de abril de 2010



Namorados




O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:

-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo,

com sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

-Você não sabe quando a gente é criança

e de repente vê uma lagarta listrada?

A moça se lembrava:

-A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

-Antônia, você parece uma lagarta listrada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:

-Antônia, você é engraçada!

Você parece louca.




Manuel Bandeira





terça-feira, 27 de abril de 2010




Querer, é poder!




Sempre fui uma garotinha danada. Essa da foto não sou eu não tá ... lógico, quem me conhece percebeu, pois não sou loira (risos)... é que me identifiquei com a foto. Sempre gostei de me fantasiar e também correr pelo mato.

E sempre estava muito sozinha. Eu tinha um rádio, e ele era meu melhor amigo. E por falar em melhor amigo, numa época, eu já estava mais grandinha, tocava muito uma música do Fábio Junior. E eu corria para algum lugar que não tivesse ninguém, deitava no chão e escutava, e às vezes até chorava (risos) " Olha menina mostra o seu pensamento, dentro desta cabeça eu sei, que tem um universo... (continua)... você é linda como um flor do campo, minha menina, eu te amo" (continua)..... Seu sorriso, nosso amor e nossa paz, serei seu melhor amigo.... (Na peça Fuck you Baby - texto do Mário Bortolotto, eu interpretava a Sacha, e quando terminava a peça ele colocava essa música. Eu quase tive um troço na primeira vez. Eu não esperava. Me veio toda a infância na cabeça. Assim como ontem à noite).

Tudo que eu queria, quando criança, eu conseguia. Mas um dia não foi assim, ou quase. Eu queria muito, muito ir fazer um passeio com a classe de minha irmã mais velha. Nem me lembro para onde iriam. Fiz minha mãe preparar o lanche pra mim também. Não entendo até hoje porque ela fez aquilo. Talvez porque soubesse que eu conseguia tudo que eu queria... mas ....

Acordei de madrugada. Fui até o banheiro. Abaixei a tampa da privada, subi encima, abri o vitro e fiquei olhando o céu até amanhacer. Dia amanhecido, nos trocamos, tomamos café e lá fui com minha bolsinha. Minha irmã estava puta comigo, dizia a todo momento: "você não vai". E ela tinha razão. A professora não me deixou ir. Voltei pra casa arrasada. Subi na tampa da privada, olhei pro céu, chorei, chorei e disse: "então quero aquele ovo de páscoa do Abilio". Abilio era o dono de um mercadinho no bairro. O ovo era de 5 kg, pra mim era enorme - um ovo gigante. Mas estava sendo rifado.

Fui com minha mãe comprar algumas coisas no Abílio. Pedi à ela pra assinar a rifa. Ela disse que tudo bem. "escolhe um, filha". Meti meu dedinho magro num nome: XV de Piracicaba. A rifa era de times de futebol. E Abílio e minha mãe, quase juntos disseram: Mas com tantos livres (a rifa estava quase vazia ainda) "Escolhe outro". "Não, eu quero esse" fui categórica.

Dias depois eu estava voltando para casa carregando meu enorme ovo de Páscoa, e pensando comigo: bem melhor que aquele passeio.


É isto.



Nancy





sábado, 24 de abril de 2010





Esquecer não é fácil. A saudade já aponta e é mais forte – porque é saudade, não é outra coisa. Não querer quando o querer é demais. Sofrer o momento para aliviar a dor mais profunda.

Porque no fundo, o querer e a saudade, são insuportáveis. Entender a lógica disto? O significado dos sentimentos tão presentes? A coragem de se libertar? Ou de se aprisionar?

Minha pele é mais fina. A maciez é mais franca. Potente. Exala um certo líquido indecifrável com aroma de pântano e gosto de alecrim. Beijar-me e ficará preso em mim: não te arrisque! Sai correndo de mim.

Minha jibóia te devorará sem te mastigar e o engolirá por inteiro – assim suave, deslizando corpo adentro. E devolve-lo, ei, inteiro. Pondo-lhe pra fora pronto: límpido, com costelas perfeitas. E te colocarei na floresta ainda virgem – invicta de tuas mãos.

E a jibóia? Essa não existirá mais. Agora é erva daninha. Mas não te machucará. Ela quase será jasmim. Olhará para ti, ansiando o raiar do sol, as águas das chuvas e o toque de tua presença.




(Nancy 2009)






Uma CRÔNICA de IVANA ARRUDA LEITE. Editada em 15 de maio 2008.



CRÔNICAS DO LIVRO QUE NÃO MAIS EXISTIRÁ – 10



QUER ME VER?



Outro dia eu estava na casa de um amigo quando tocou o celular. A pessoa do outro lado, voz masculina, antes mesmo de dizer olá, boa tarde, como tem passado?, tascou uma pergunta à queima-roupa: “Quer me ver?”. Assim, sem a menor delicadeza nem educação. Aquilo certamente não era um convite. Estava mais pra intimação policial. Reconheci a voz. Era um sujeito com quem eu havia saído duas vezes e desapareceu depois do segundo encontro. Pois não é que depois de quase um ano de sumiço, o cara tem a cara de pau de invadir meu domingo maravilhoso e tentar estragá-lo?Respondi civilizadamente: “estou na casa de um amigo, me liga amanhã. Tudo bem com você?”. Mas quem disse que ele me ouvia? Ficava repetindo feito um papagaio: “quer me ver?”. Alto lá! As coisas não são bem assim.O cowboy abre a porta, pára no meio do saloon, olha pra mocinha, saca o revólver da cartucheira e faz um sinal com a cabeça: come on, baby. Onde estamos?Pense comigo. Quem ligou pra quem? Foi ele, não foi? Portanto, ele é o sujeito da oração, logo, o correto seria dizer: “eu quero te ver”. Mas não, ele preferiu jogar rapidinho o abacaxi no meu colo.Sou capaz de ver a cena: domingo à tarde, o cara com uma cerveja ao lado, sozinho em casa, vendo televisão, por que não?. O que ela teria de melhor pra fazer numa tarde de domingo do que vir correndo ao meu encontro? É muita pretensão, fala a verdade.E a história não terminou. Às 9 da noite, ele ligou de novo. “Você ainda está na rua? Quer me ver?”. Aí eu perdi a paciência e desliguei na cara dele. Cá entre nós, eu não iria ao seu encontro nem se ele me pedisse na maior fineza. O rapaz não tinha deixado boas recordações. E não é que ele conseguiu piorar ainda mais uma história que já era ruim? Tem gente que tem esse talento.






quinta-feira, 22 de abril de 2010


Um anjo torto

desses, maltrapilhos

descabelados e fedidos,

apareceu em minha frente de repente

e indagou: E aí moça, está tudo bem?

Tudo bem - eu disse.

Você não tem medo - perguntou.

Medo do quê - eu perguntei.

Medo de ficar sozinha - ele disse.

Não, não tenho medo disto - eu disse.

Aliás, não fui eu quem te convidou - eu retruquei.

Sim, mas eu já estava por aqui - ele falou.

E continuou:

Na verdade não tenho o que fazer na vida.

Sei, sei - eu falei.

Que tal tomarmos uma breja - eu convidei.

Ok - ele respondeu.

Era o que eu precisava – completou.

É o que eu preciso. Eu afirmei.



(Nancy)







segunda-feira, 19 de abril de 2010



Vem vida

Me abraça

Me faz carinho

De graça.



(Nancy)







domingo, 18 de abril de 2010


Brincando com Palavras


No Sesc São José dos Campos



Dia 21/04 Quarta, às 16h30.

Com Madan e Nancy Macedo.


Musical sobre os poemas infantojuvenis do poeta José Paulo Paes, com intervenções cênicas.


Convivência. 450 lugares.


LIVRE

Grátis



SESC S. J. dos Campos

END: av. Adhemar de Barros, 999
Jardim São Dimas

São José dos Campos - SP


Telefone: 12 3904-2000


Se conhecerem alguém por lá .....




quinta-feira, 15 de abril de 2010



Se ostras
tivessem mãos
e razão
não existiriam as pérolas:

Grãos de areia
seriam excluídos
pelas ostras.

A natureza perfeita,
foi precisa:

Pérolas
Existam!

Às vezes
não precisamos
eliminar algo
que achamos
não condizer conosco:

Talvez
estejamos jogando fora
nossa maior riqueza.




(Nancy 2010)





quarta-feira, 14 de abril de 2010


(Betty Faria e Fernando Peixoto)



Fiquei muito feliz pela homenagem ao querido e grande homem do teatro Fernando Peixoto.

Ele recebeu o prêmio Shell 2010 por sua carrerira, ou seja, pela sua contribuição ao teatro. E foram bastante... seja como ator, diretor, tradutor ou ensaísta.

Um beijo enorme para o Fernando.





segunda-feira, 12 de abril de 2010


Coser



Indo e vindo

Vindo e indo

A mão compondo

Formação de ondas

Em ritmos entorpecidos

Ora surfando

Ora bailando

Com Bach.


E seus olhos

Num sobressalto

Quase sem respirar

Ressaltam na voz

A arte do costurar.


Ponto final.

Nó fincado

Linha e agulha

Vão descansar.



(Nancy)





domingo, 11 de abril de 2010



"Sábio é quem monotoniza a existência,

pois então cada pequeno incidente

tem um privilégio de maravilha.

O caçador de leões não tem aventura

para além do terceiro leão.

Para o meu cozinheiro monótono

uma cena de bofetadas na rua

tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto.

Quem nunca saiu de Lisboa viaja

no infinito no carro até Benfica, e,

se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte.

O viajante que percorreu toda a terra não encontra

de cinco mil milhas em diante novidade,

porque encontra só coisas novas;

outra vez a novidade,

a velhice do eterno novo,

mas o conceito abstracto de novidade

ficou no mar com a segunda delas."




Fernando Pessoa






sábado, 10 de abril de 2010


Mais 2 fotinhos (por mim tiradas) de minhas andanças por aí. Me lembrei de uma coisa agora e vou compartilhar com vocês. Ao final do espetáculo Brincando com Palavras (que eu faço com o Madan - já falei bastante aqui), eu canto a música (poema do Zé Paulo Paes musicado pelo Madan) "Paraíso". No penúltimo espetáculo que fizemos, algumas pessoas da platéia choraram no decorrer da música; digo, adultos. E as crianças geralmente fazem aquelas carinhas lindas de aprovação; e muitas se deitam no chão para escutar. Vou colocar a letra (poema) ao final.






Se esta rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóvel matar gente,
mas para criança brincar.

Se esta mata fosse minha,
eu não deixava derrubar.
Se cortarem todas as árvores,
onde é que os pássaros vão morar?

Se este rio fosse meu,
eu não deixava poluir.
Joguem esgotos noutra parte,
que os peixes moram aqui.

Se este mundo fosse meu,
eu fazia tantas mudanças
que ele seria um paraíso
de bichos, plantas e crianças.



José Paulo Paes

Música: Madan





quinta-feira, 8 de abril de 2010



Ontem no horário político eleitoral o partido PTC (Partido Trabalhista Cristão) chamou integrantes para o partido com a afirmação de os novos adeptos poderem ser prefeitos em 2012, ou deputados. Prometeram resolver todos os problemas do país, e acabar com a corrupção.

Que tal?





Negligência (s)



I

O tempo ESVAINDO...

Indiferenças dos dias
Resquícios
Do que nunca foi
Sem perspectivas:
A Deus dará.


II

Bucetas
Peludas
Mal amadas
Mal ensaboadas
Mal acarinhadas
Catacumbas implorando
Serem penetradas.


III


Pênis
Sem ter por onde serem
Deformados
Na força musculosa
“Com Scientia fraudis”
Da dimensão da cabeça.

IV

Línguas
Ácidas
Por onde
A digestão
Não passa
Amora não mancha
Porra não esbarra
Advertência:
Falácia letal!


V

Gênios
Egocêntricos
Parasitas
Confinados
Nos quartos
Nos carros
Nos lares
Nos motéis
Nas igrejas
Nos palácios
Imaginários.


VI


Difamadores
Do mundo
Negligenciam dores
Do presente
Do passado
Do eu
Do outro


VII

Calados
Aceitam tudo
Que lhes é empurrado
Goela abaixo.


VIII

Na verdade
Corpos estressados
Inocentes disfarçados
Descansando
Nos braços de cristo

(tranquilamente)

Possuídos
Pela pobreza de espírito


Num

Sé cu lo

Fra g men ta do.




(Nancy 2004)

terça-feira, 6 de abril de 2010


Começa dia 08/04 o trigésimo sexto (36) Festival SESC melhores filmes.

Imperdível para alguns "que como eu" não conseguiu assistir muitos dos 315 filmes que foram exibidos. O festival exibirá 36 escolhidos.

Também haverão encontros e debates com alguns diretores e roteiristas.

Estou colocando abaixo o link do site sobre o festival com toda programação e informações sobre os filmes.

O CINESESC fica na Rua Augusta, 2075

Fone: 3087 0500

Os ingressos variam:

R$ 4,00 (inteira)
R$ 2,00 (meia)
R$ 1,00 (matriculados no Sesc)



AQUI:

www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/melhores_filmes/index.cfm?edicao=2010



Anelis Assumpção e Banda amanhã 19h30 no Sesc Consolação - Grátis







segunda-feira, 5 de abril de 2010


Estava esses dias dando umas voltas por aí. A cabeça não estava mais funcionando direito. O corpo estava reclamando de sua base: os pés - por esses estarem precisando percorrer outros e novos pisares.


Esta foto acima tirei de um dos lugares por onde passei (passamos) . Is beautiful ... né!


Se clicar na foto ela aumenta um pouco, e clicando num link dentro dela (quadradinho) ela expande para toda tela. Assim dará para melhor perceber toda beleza desta "nossa natureza"


Estamos por aqui.....