quinta-feira, 22 de abril de 2010


Um anjo torto

desses, maltrapilhos

descabelados e fedidos,

apareceu em minha frente de repente

e indagou: E aí moça, está tudo bem?

Tudo bem - eu disse.

Você não tem medo - perguntou.

Medo do quê - eu perguntei.

Medo de ficar sozinha - ele disse.

Não, não tenho medo disto - eu disse.

Aliás, não fui eu quem te convidou - eu retruquei.

Sim, mas eu já estava por aqui - ele falou.

E continuou:

Na verdade não tenho o que fazer na vida.

Sei, sei - eu falei.

Que tal tomarmos uma breja - eu convidei.

Ok - ele respondeu.

Era o que eu precisava – completou.

É o que eu preciso. Eu afirmei.



(Nancy)







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