sábado, 24 de abril de 2010





Esquecer não é fácil. A saudade já aponta e é mais forte – porque é saudade, não é outra coisa. Não querer quando o querer é demais. Sofrer o momento para aliviar a dor mais profunda.

Porque no fundo, o querer e a saudade, são insuportáveis. Entender a lógica disto? O significado dos sentimentos tão presentes? A coragem de se libertar? Ou de se aprisionar?

Minha pele é mais fina. A maciez é mais franca. Potente. Exala um certo líquido indecifrável com aroma de pântano e gosto de alecrim. Beijar-me e ficará preso em mim: não te arrisque! Sai correndo de mim.

Minha jibóia te devorará sem te mastigar e o engolirá por inteiro – assim suave, deslizando corpo adentro. E devolve-lo, ei, inteiro. Pondo-lhe pra fora pronto: límpido, com costelas perfeitas. E te colocarei na floresta ainda virgem – invicta de tuas mãos.

E a jibóia? Essa não existirá mais. Agora é erva daninha. Mas não te machucará. Ela quase será jasmim. Olhará para ti, ansiando o raiar do sol, as águas das chuvas e o toque de tua presença.




(Nancy 2009)




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