terça-feira, 27 de abril de 2010




Querer, é poder!




Sempre fui uma garotinha danada. Essa da foto não sou eu não tá ... lógico, quem me conhece percebeu, pois não sou loira (risos)... é que me identifiquei com a foto. Sempre gostei de me fantasiar e também correr pelo mato.

E sempre estava muito sozinha. Eu tinha um rádio, e ele era meu melhor amigo. E por falar em melhor amigo, numa época, eu já estava mais grandinha, tocava muito uma música do Fábio Junior. E eu corria para algum lugar que não tivesse ninguém, deitava no chão e escutava, e às vezes até chorava (risos) " Olha menina mostra o seu pensamento, dentro desta cabeça eu sei, que tem um universo... (continua)... você é linda como um flor do campo, minha menina, eu te amo" (continua)..... Seu sorriso, nosso amor e nossa paz, serei seu melhor amigo.... (Na peça Fuck you Baby - texto do Mário Bortolotto, eu interpretava a Sacha, e quando terminava a peça ele colocava essa música. Eu quase tive um troço na primeira vez. Eu não esperava. Me veio toda a infância na cabeça. Assim como ontem à noite).

Tudo que eu queria, quando criança, eu conseguia. Mas um dia não foi assim, ou quase. Eu queria muito, muito ir fazer um passeio com a classe de minha irmã mais velha. Nem me lembro para onde iriam. Fiz minha mãe preparar o lanche pra mim também. Não entendo até hoje porque ela fez aquilo. Talvez porque soubesse que eu conseguia tudo que eu queria... mas ....

Acordei de madrugada. Fui até o banheiro. Abaixei a tampa da privada, subi encima, abri o vitro e fiquei olhando o céu até amanhacer. Dia amanhecido, nos trocamos, tomamos café e lá fui com minha bolsinha. Minha irmã estava puta comigo, dizia a todo momento: "você não vai". E ela tinha razão. A professora não me deixou ir. Voltei pra casa arrasada. Subi na tampa da privada, olhei pro céu, chorei, chorei e disse: "então quero aquele ovo de páscoa do Abilio". Abilio era o dono de um mercadinho no bairro. O ovo era de 5 kg, pra mim era enorme - um ovo gigante. Mas estava sendo rifado.

Fui com minha mãe comprar algumas coisas no Abílio. Pedi à ela pra assinar a rifa. Ela disse que tudo bem. "escolhe um, filha". Meti meu dedinho magro num nome: XV de Piracicaba. A rifa era de times de futebol. E Abílio e minha mãe, quase juntos disseram: Mas com tantos livres (a rifa estava quase vazia ainda) "Escolhe outro". "Não, eu quero esse" fui categórica.

Dias depois eu estava voltando para casa carregando meu enorme ovo de Páscoa, e pensando comigo: bem melhor que aquele passeio.


É isto.



Nancy





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