sexta-feira, 31 de julho de 2009
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Um homem das artes; literatura, cultura e educação (um dos fundadores da TV Cultura). Enfim... o grande, grande, Sérgio Viotti.
Deixo aqui registrado meu respeito, admiração, agradecimento, e sobretudo, desde já, muitas saudades.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Lembrei-me de um poema do escritor FRANK O'HARA. Cheguei em casa e o procurei em minhas COYOTE (s) - pra quem não sabe, revista literária, já falei dela aqui.
Esse poema é muito legal. Tô colocando mais abaixo (só agora tive tempo).
Ironicamente o poeta faleceu atropelado por um buggy, tomando sol numa praia (na mesma do poema, praia de Fire Island) Louco isso né!!!
Frank O' hara - Biarritz, Spring 1960 (Photo: John Ashbery)
O poema:
domingo, 26 de julho de 2009
Daqui a pouco tem Palmeiras e Corinthians. Sei que tem gente em estado de aflição por aí.
Almocei tanto que tô quase desmaiando. Polenta com molho de carne moída. Tipo comida meio mineira (é, porque eu que fiz - aprendi).
E vou deixar aqui um conto, ou crônica, desse escritor que era (é) de Belo Horizonte, e que adoro, adoro e adoro:
Albertine Disparue
– Qualquer coisa – respondi.
Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.
– Você sabe escrever?
– Sei sim senhor – balbuciou ela.
– Veja se tem um lápis aí na gaveta.
– Não tem não senhor.
– Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!
Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.
– O que é lapisai? perguntou Finalmente.
Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.
– Amanhã você começa – conclui. – Hoje não precisa fazer nada.
Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.
– O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar – disse ela, olhando-me interrogativamente.
– Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?
– Era para encher?
– Era.
– Uê...
Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:
– Eu tava dormindo... – e deu uma risadinha.
– Escute uma coisa, preste bem atenção – preveni: – Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.
Ela me olhou espantada:
– O que aconteceu hoje?
Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.
- É você, Albertina?
– É sim senhor...
– Por que você não vai dormir?
– Vou encher a banheira...
– A esta hora?!
– Quantas horas?
– Uma da manhã.
– Só? – espantou-se ela. – Está custando a passar...
* * *
– O senhor quer que eu arrume seu quarto?
– Quero.
– Tá.
Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:
– Posso varrer a sala?
– Pode.
– Tá.
Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:
– Albertina!
Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.
– Não seria melhor você primeiro fazer café?
– Tá.
Depois era o telefone:
– Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.
– Como é o nome?
– Um nome esquisito...
– Quando telefonarem você pede o nome.
– Tá.
– Albertina!
– Senhor?
– Hoje vai haver almoço?
– Se for possível.
– Tá.
Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.
– Se o senhor quiser que eu pare eu paro.
– Faz outra coisa.
– Tá.
Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.
– Que bobagem é essa aí, Albertina?
– Não é nada não senhor – disse ela.
– Tá – disse eu.
E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.
– Atende aí, Albertina.
– É para o senhor.
– Pergunte o nome.
– Ó.
– O quê?
– Disse que chama Ó.
Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.
* * *
Finalmente o dia da bebedeira. me apareceu bêbada feito um gambá; agarrando-me pelo braço:
– Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada...
O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!
Olhei para ela, estupefato. mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.
– Vá para o seu quarto – ordenei, esticando o braço dramaticamente. – Amanhã nós conversamos.
Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.
– Me larga! – gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: – Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.
– Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!
Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.
Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.
– Deixa eu ficar – pediu ainda, num sussurro. – Juro que não faço mais.
Tive pena:
– Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.
Ela ergueu os olhos:
– Nenhuma empregada?
– Nenhuma.
– Então tá.
Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Direito de expressão, censura, toque de recolher....
..... Dessa vez não houve liminar que impedisse que a Marcha da Maconha fosse realizada no Rio de Janeiro: milhares de pessoas caminharam pela Avenida Vieira Souto, em Ipanema, na Zona Sul, na tarde deste sábado (9), para pedir a legalização da droga. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou do movimento.“Hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose. Só a hipocrisia não vê isso”, gritou o ministro, sendo aplaudido e ovacionado por todos.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
2 poemas Marcelo Sahea
TODAS AS COISAS DO MUNDO SÃO BELAS
Sorri, lê teus livros, ouve tuas músicas,
Que entre nós não há mistérios ou dúvidas
A serem desvendadas. Dança. Sorri.
Bebe o tom dourado e quente da tarde.
Que importa a vida, suas tantas verdades,
Quando, sei, concebe o sonho em ti?
Que importa a realidade se pode
Ler teus livros, ouvir tuas músicas,
Dançar, sorrir, beber a tarde, as dúvidas,
E ser feliz, e livre, e leve e clara,
Sem que nada te fira ou incomode?
E assim, como a mais órfã das estrelas,
Me ensina a volta ao bem e me revela,
No gosto azul de teu olhar, a certeza:
Todos os poemas são de tristeza.
Todas as coisas do mundo são belas.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Alguns poemas do livro Nômada do poeta, tradutor e jornalista Rodrigo Garcia Lopes.
Mônadas
Faz sentido
esse gerânio em sua boca arrotando dígitos precisos
essa concha de céu enrugado cuja pérola é o sol
esse eco de destino que é resina nítida de escrito
esse beijo de linguagem que é seiva de vertigem
faz sentido
sentido, se faz
de desenho
e de teso
arco es-
tend-
ido
sobre um lago
seco.
Eco.
Resto de signo
ficado ígneo,
ignorante de céu,
cego de seu som,
istmo de tato, olfato, paladar, visão.
Faz sentido o não dito pelo dito,
ritmo & rito de sua própria desaparição,
testemunha ocular do caos
que se concentra na música do acaso,
casulo numa rosa fiberglass.
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NA PASSAGEM DOS CÉUS QUE FOGEM DE NÓS
Na imagem das coisas que retornam sem nós,
Na miragem dessa solidão, você aqui:
Na repetição das antigas sensações
Na fala a provocar o pensamento
Parecendo um passado que se dobra
Sobre essa polpa de presente:
Se a linguagem é nossa realidade
E coisas forem apenas palavras
Então nos restará apenas a veracidade -
Esse váculo que nos acua ao avançar.
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ALGO ME DIZ QUE MOLHAR
tem a ver com olhar
molliare, amolecer
em latim vulgar
substantivo mole como o cristal
deste globo por onde se olham
as plantas das retinas
tornando sólidas e só lidas
as coisas líquidas
o molhe no canto da praia
nuvem, cântaro, orquídea
no agora de sua órbita
súbita
por isso pôr os olhos de molho
por isso neles estampamos ocelos
por isso ele molha quando chora.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Tipo sardinhas enlatadas
Nada contra sardinhas. Aliás, um senhor alimento. Além da grande quantidade de proteínas, contém ômega 3 (assim com o atum e outros peixes, mas as sardinhas contêm mais). Como sabemos ômega 3 é indispensável para o bom funcionamento e formação do cérebro, assim como, para ativar a inteligência.
Penso que deveríamos ingerir mais sardinhas, ao invés de nos deixarmos sermos (as).
domingo, 12 de julho de 2009
e.e. cummings pra fechar o domingo
É sempre muito bom conhecer mais esse poeta extraordinário, e "charmoso libriano" (14/10/1894 - 03/09/1962).
O poeta do livro "No Thanks" - título em vingança aos editores e empresas editoriais que o recusaram - ao todo 14 - e um poema em forma de uma taça com os respectivos nomes abrindo o livro....... genial né.
(eu tô só o pó - socorro!!!!! (risos))
vou botar aqui um poema dele, não o da taça; e a Tradução é de Augusto de Campos:
minha especialidade é viver - era a legenda
de um homem (que não tinha renda
porque não estava à venda)
olhar à direita - replicaram num segundo
dois bilhões de piolhos públicos do fundo
de um par de calças (moribundo)
e.e. cummings
sábado, 11 de julho de 2009
Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Ele, o autor, está apontando.....
"Todos os Cachorros são Azuis".
e também hoje, terminei de ler o excelente " Há Flor da Pele", do mesmo, Rodrigo de Souza Leão.
Daqui a pouco na Casa das Rosas, escritores e poetas estarão realizando leituras em homengem ao Rodrigo.
Não estarei presente, gostaria que ele soubesse o motivo.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Augusto Silva (correria)
Estou na correria (que bom né!!!! tomara muitoooo que continue assim (rsrrs) já já terei que sair novamente. Portanto ando distante do Suspense:Canal Aberto. Gostaria de estar mais por aqui.
E na correria.....
Quero apresentar pra vocês um cara, um poeta, um músico, escritor e professor de literatura, que amo muito. Ele mora em Londrina (sim, no momento parece que está fora de lá), é o nosso grande
Augusto Silva.
"Madeimoselle" era assim que me tratava, que bonitinho né... fala sério, um gentheman.
Bem, 2 poemas do Augusto:
País do Carnaval
um dia desses subi no morro
gritei bem alto por socorro
pedi a santa padroeira
não sermos nada a vida inteira
e deus falou:
aqui tudo se resolve no pau
e neguinho com medo do underground
aqui bom cabrito não berra
e neguinho sem nada chamado terra
aqui chora menos quem pode mais
um presidente tanto fez e outro tanto faz
no país do carnaval
Caê cita Gil e Gil cita Gal
um mês na Banhia é o ano inteiro
vai ver que por isso em fevereio
tudo vira Rio de Janeiro.
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ninguém na igreja
espero que deus
me veja
segunda-feira, 6 de julho de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Frases Erasmo de Rotterdam (1469-1536)
Rodrigo de Souza Leão
Aqui: http://seomario.br.tripod.com/indice.htm
Tudo ficou dourado. O céu dourado.
O Cristo dourado. A ambulância dourada.
As enfermeiras douradas tocavam-me com suas mãos douradas.
Tudo ficou azul: o bem-te-vi azul, a rosa azul, a caneta bic azul, os trogloditas dos enfermeiros. Tudo ficou amarelo. Foi quando vi Rimbaud tentando se enforcar com a gravata de Maiakovski e não deixei.
Pra que isso Rimbaud? Deixa que detestem a gente. Deixa que joguem a gente num pulgueiro. Deixa que a vida entre agora pelos poros. Não se mate irmão. Se você morrer não sei o que será de mim. Penso em você pensando em mim.
Rimbaud tudo vai ficar da cor que quiser.
Aqui não dá pra ver o mar. Mas você vai sair daqui.
Tudo ficou verde da cor dos olhos de meu irmão e da cor do mar. Do mar. Rimbaud ficou feliz e resolveu não se matar.
Tudo ficou Van Gogh. A luz das coisas foi modificada.
Enfim me deram uns óculos.
Mas com os óculos eu só via as pessoas por dentro.
Rodrigo de Souza Leão.