segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ulisses Tavares

Ontem, buscando algumas coisas sobre Ulisses Tavares, encontrei uma entrevista dele para Luiz Alberto Machado, bem bacana. Tô colocando aqui só uma de suas respostas. E ao final deste POST, assista a entrevista de Ulisses para o programa do Jô - Ulisses fala sobre seu livro "Hic!stórias - Os Maiores Porres da Humanidade" - além de muito engraçado, pura cultura!!!!!! Pra quem não viu, recomendo, recomendo e recomendo.

Luiz -
A seu ver, o que há com o poeta que ele não consegue atingir melhor o público, ficando restrito às rodinhas que ainda se renova mas as caras que são as mesmas sempre em recitais, em saraus? Como ampliar esse universo? Essas práticas são antiquadas e o poeta precisa buscar novas fórmulas ou é a poesia mesmo que não chega?

Ulisses -
Já fiz, e faço, trocentos recitais de poesias, de todo tipo, em todo lugar. Com música e sem música. Com teatro e sem teatro. Com pintores e performáticos e a seco. A verdade/realidade é chata mas é isso aí: poesia é coisa para iniciados. Quem não gosta, ou não está acostumado, vai preferir mesmo é um forró, um bailão, uma outra atração qualquer. Recital de poesia é igual teatro alternativo: ninguém é contra, mas ninguém vai nem amarrado. Quem tem saco pra ouvir poeta declamando, de duas uma: ou é poeta, e está louco por uma chance de mostrar também seu poema, ou é alguém que de fato curte poesia. Se é que consola, quem vai a um recital de poetas está pronto para achar aquilo bonito, e isso é bacana. Não sei sinceramente, nem como marketeiro e publicitário, como aumentar esse universo. Acho que temos tentado de tudo um pouco- misturar com vídeo, som, pintura, performance, body art etc. Mas lutamos contra um fato intransponível no atual momento: poesia ainda não dá ibope e pronto. Quem sabe, queira Deus, os ventos da fortuna mudem. Mas, dái, o mundo também terá mudado. A seu ver, o público é conservador ou a vanguarda que não encontra base em suas utopias? Vanguarda tem que ser, claro, vanguarda. Mas não deve ser prepotente. A vanguarda entende e interpreta muito bem o que a maioria, a retaguarda, não consegue entender e interpretar, nem bem nem mal nem mais ou menos. Como esperar, então, que o povo coma hoje, já, agora, os finos biscoitos que ela fabrica? Paciência, humildade e compreensão, pois, mais caldo de galinha. Quem aposta na utopia tem que esperar a viabilidade da utopia. A seu ver, que atitude ou compromisso deve ter o poeta do nosso tempo? De preferência, nenhum. O compromisso do poeta é com sua poesia. E já é o bastante se conseguir cumprir. O resto é cosmética, jogo de mercado, veleidade, ego. O que você destaca como uma excelência poética hoje? Poderia citar, literalmente, dezenas de nomes. Leminsky, Antunes, Frederico Barbosa, Ademir Assumpção, Glauco Mattoso, Bráulio Tavares, Drummond e tantos outros. Mas, quando comparo ao que se fez antes, bem antes, um Bocage, um Arentino, um Dante, um Virgílio, acho tudo muito pobrinho e tôsco. Poesia é soda mesmo. Quanto mais eu leio, mais exigente fico. Tanto que, até dos meus mais de mil poemas, eu só dou nota 5 para dois ou três no máximo.
Para assitir, clique abaixo no link do site e lá desça um pouquinho.

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